Paula Pacheco iG São Paulo
Encurralado pela falta de credibilidade, o Partido dos Trabalhadores aproveitou a prisão de Delcídio do Amaral (líder do governo no Senado, eleito por Mato Grosso do Sul), para reforçar a estratégia de uma faxina geral na imagem. O comunicado do PT, assinado pelo presidente nacional Rui Falcão, tenta descolar o partido do escândalo envolvendo o parlamentar, suspeito de tráfico de influência com o objetivo de facilitar a fuga de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, condenado na Operação Lava-Jato. Dias antes, a legenda já tinha decidido desembarcar do apoio a Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara dos Deputados, envolvido em denúncias e que será julgado por falta de decoro parlamentar por mentir aos colegas de uma CPI.
Agora, além da provável expulsão de Delcídio, que rapidamente vem ganhando força e que será decidida pela Comissão Executiva Nacional do PT, há um movimento interno entre os líderes do partido para negociar com José Dirceu, preso em Curitiba, sua desfiliação.
Para interlocutores que acompanham de perto a tentativa do partido de voltar às origens, a expulsão de Dirceu seria traumática demais por causa da relação histórica dele com o PT. Por isso, o melhor caminho seria o acordo para que ele peça o desligamento do Partido dos Trabalhadores.
O movimento cirúrgico envolvendo Dirceu será parecido com o que foi feito com o ex-deputado federal André Vargas, que se desfiliou do PT após condenação na Operação Lava-Jato, em setembro passado.
ESTRATÉGIA DA VIRADA
A nova configuração do partido, pilotada por Rui Falcão e o alto comando do PT, passa pela reaproximação com os movimentos sociais e críticas ao ministro Joaquim Levy, da Fazenda, e a condução da política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff.
Os críticos acham que o endurecimento do PT em relação a Delcídio do Amaral e a Cunha ainda é insuficiente para recuperar a imagem e ajudar tanto na crise que engole o governo da presidente Dilma quanto no desempenho nas urnas nas eleições municipais de 2016. Para tal, o partido deveria se afastar de outros petistas envolvidos em denúncias, como o tesoureiro da campanha presidencial, João Vaccari Neto. Além disso, teria demorado muito para sair de perto de Cunha na esperança de garantir um aliado que barrasse os pedidos de impeachmet de Dilma na Câmara.
CRÍTICAS A FALCÃO
A decisão do PT de não apoiar Delcídio do Amaral, se por um lado agradou aos militantes que esperam pela faxina no partido, por outro houve quem achasse que a nota assinada por Rui Falcão foi precipitada. Segundo a nota assinada pelo presidente do partido, as negociações envolvendo Delcídio, o advogado Edson Ribeiro e Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, responsável por denunciar o esquema, não têm relação com a atividade como senador.
O trecho mais criticado entre os parlamentares no dia da prisão do senador, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é o que isenta o PT da responsabilidade na ação de Delcídio. “O PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade”, informou o partido horas depois da prisão do líder no Senado.
A liderança do PT saiu em defesa de Falcão. “Ele merece a solidariedade, o apoio e o aplauso, apesar de ser doloroso. A militância não está mais disposta a baixar a cabeça e quer resgatar a dignidade”, classifica Marco Aurélio de Carvalho, coordenador jurídico do partido. “Trata-se de um movimento de reencontro com uma bandeira histórica do PT.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O PT e o governo estão completamente perdidos, desnorteados, não sabem o que fazer nem como fazer. Expulsar o Delcídio é uma coisa, pedir a José Dirceu para se desfiliar é outra coisa. Se Dirceu se aborrecer e fizer delação, acaba com Lula, com Dilma e com o próprio PT. Somente isso. (C.N.)
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