por Bernardo Mello Franco Folha de São Paulo
Lula e Néstor Kirchner chegaram ao poder no mesmo ano, 2003, criaram uma
nova organização internacional, a Unasul, e lideraram a guinada à
esquerda do continente na última década.
A aliança sobreviveu à eleição de Dilma e Cristina, mas não chegará à
terceira geração de presidentes. Foi implodida pela eleição de Mauricio
Macri, o liberal que governará a Argentina a partir do próximo dia 10.
A vitória de Macri não estava nos planos do Planalto. Dilma abriu o
palácio para o candidato governista, Daniel Scioli. Lula chegou a
reforçar um ato de sua campanha, no qual pediu votos para o "projeto que
mudou a história da Argentina".
Por outro lado, a oposição brasileira não escondeu a torcida por Macri,
que foi comparado ao tucano Aécio Neves. Nesta segunda, Fernando
Henrique Cardoso festejou seu triunfo como a derrota da
"irresponsabilidade" e do "populismo".
As emoções eleitorais ainda estão à flor da pele, mas vão passar em
breve. Macri e Dilma sabem disso e já começaram a ensaiar uma
aproximação, mesmo que a contragosto.
O novo presidente da Argentina prometeu inaugurar um relacionamento mais
"dinâmico" com o Brasil. Dilma o convidou a visitar Brasília antes de
receber a faixa.
O fim da aliança do PT com o kirchnerismo não significa que as relações
entre Brasil e Argentina vão piorar. Diplomatas lembram que Lula se deu
melhor com Bush do que com o sucessor Obama, com quem teria mais
afinidade ideológica. Na área comercial, a saída de Cristina, que voltou
sua atenção para os chineses, abre caminho a uma nova tentativa de
ressuscitar o Mercosul.
Para o petismo, o pior que pode acontecer é o sucesso de Macri inspirar
uma nova onda de governos de centro-direita no continente. Nesse caso, o
ocaso do kirchnerismo seria um aperitivo para uma derrota do PT em
2018. Mas isso não é um problema para Dilma, e sim para Lula, o cabo
eleitoral do derrotado Scioli.
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