por Vinícius Torres Freire Folha de São Paulo
A gangue do senador Delcídio Amaral, do PT, e do banqueiro André
Esteves, do BTG Pactual, pretendia fraudar o Supremo Tribunal Federal e o
processo da Lava Jato, dar fuga a um condenado e corromper quem fosse
empecilho a tais planos.
Além do mais, desviava documentos sigilosos da investigação (os
comprava?) e traficava influência. Tudo para acobertar roubanças no
mundo do petróleo estatal e paraestatal.
Esse ramo da máfia do petrolão planejava ou cometia mais crimes neste
novembro, 20 meses depois do começo da Lava Jato, depois de prisões e
condenações em penca. Em suma, não estavam nem aí.
Assim, é razoável considerar que há grande risco de outra gangue ou
figura graúda e talvez psicopática do mundo da Lava Jato estar em ação
para enterrar crimes. Talvez literalmente. Agora, dado o grau de
sordidez a que já se desceu, falta apenas alguém mandar matar
testemunha, policial, procurador ou juiz.
ECONOMIA DO CRIME
Está mais do que claro agora como um programa de intervenção econômica
criou as condições para a nossa precoce maldição do petróleo, antes
mesmo de haver petróleo bastante. Trata-se aqui, claro, do plano
iniciado no governo Lula e levado a cabo sob Dilma Rousseff de
reinventar a roda podre, uma paródia grotesca, ainda que reduzida, do
"desenvolvimentismo" da ditadura de Ernesto Geisel.
Antes que viciados em debates binários de redes sociais protestem, não
se trata de condenar em geral políticas industriais; que o grande setor
privado, vide bancões do mundo, cometem crimes puramente privados. Isto
posto, note-se que as várias intervenções, modelos e leis petrolíferas
de inspiração dilmiana fazem parte do cardápio já histórico de
fracassos, ineficiências e criação de ambientes propícios à corrupção.
Políticas que criam quase-monopólios ou oligopólios, com reservas de
mercado, protecionismos e exigências irrealistas de produzir com
conteúdo nacional, degringolam em caixas-pretas. Em ambientes obscuros,
sem concorrência, propícios ao mofo da corrupção, da propina, do tráfico
de influência. Esquemas que favorecem, no que têm de menos nocivo, mas
ainda assim grave, o desperdício de recursos escassos e de energia
produtivas em negociações de favores com o poder público.
Um desses polos de descalabro e exemplo concentrado dos erros listados
acima foi a Sete Brasil, empresa da qual é sócia o BTG Pactual, banco de
André Esteves, além do Bradesco, do Santander, da própria Petrobras e
fundos de pensão. Diga-se de passagem que o negócio do qual Esteves é
acusado por ora nada tem a ver com Sete.
Em resumo, a Sete foi criada para contratar a construção e a operação de
plataformas de exploração perfuração de petróleo para a Petrobras, 28,
no valor de US$ 30 bilhões; dependia de resto de crédito do BNDES para
ficar de pé.
Estaleiros pagavam propinas a gente da Sete e a políticos para conseguir
contratos, um dos canais grossos de dinheiro da Lava Jato, mas nem de
longe o único.
Esse sistema tem de ser desmontado. Colonizou o Estado, espalhou
corruptos por toda a parte da elite política até o centro; se encastelou
para se defender e, para tanto, transformou os cidadãos em reféns da
roubança e paralisaram a economia e o governo do Brasil.
extraídaderota2014blogspot
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