editorial da Folha de São Paulo
Dados o colapso da economia neste ano e as projeções cada vez mais
preocupantes para 2016, mostra-se irrelevante a rotineira revisão do PIB
feita pelo IBGE.
Com as novas informações sobre 2012 e 2013, o crescimento anual médio no
primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT) subiu de 2,1% para 2,2%. No
agregado, a economia ficou 0,4 ponto percentual maior.
Como se vê, a inclusão de dados que não estavam disponíveis à época da
divulgação original não fez muita diferença em relação ao passado –e
certamente não fará nenhuma quanto ao futuro.
Em março, uma alteração mais ampla havia incorporado investimentos em
pesquisa e desenvolvimento. Na ocasião, a alta média do PIB de 2011 a
2014 passou de 1,7% para 2,1%.
Efetuadas as atualizações, o período Dilma pode parecer um pouco menos
ruim, mas permanece essencialmente o mesmo. O desempenho de seu governo é
o pior das últimas décadas, seja em termos absolutos, seja em termos
relativos. Seu primeiro mandato, além disso, deixou o legado mais
deplorável.
Tomem-se as gestões de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Lula (PT).
De 1995 a 2002, com o tucano na Presidência, o Brasil cresceu em média
2,4% ao ano, em um período marcado não só por recorrentes crises
internacionais mas também baixos preços de matérias-primas. A América
Latina, para comparação, avançou 2,2%.
Lula, por sua vez, vivenciou ambiente internacional bem melhor. Houve
maior dinamismo na América Latina, em decorrência da demanda chinesa por
bens primários. A economia da região, assim como a do Brasil,
expandiu-se em média 4,1% de 2003 a 2010.
Esse padrão mudou com Dilma Rousseff. De 2011 a 2014, o crescimento
latino-americano desacelerou, mas ficou em 3% na média, taxa bem
superior à do Brasil –que só se saiu melhor que países quase arruinados,
como a Venezuela.
Quando se considera o segundo mandato da petista, a situação se torna
dramática. Caso se confirmem as projeções de analistas compiladas pelo
Banco Central, o PIB cairá 3,1% neste ano e 2% em 2016. O crescimento
voltaria em 2017 e 2018, mas em ritmo insuficiente para produzir uma
média acima de zero no quadriênio.
Não há novidade em dizer que foram muitos e grandes os erros dos últimos
anos. O real custo da incompetência, contudo, aparece no longo prazo:
uma década de estagnação e a desmobilização das forças sociais para o
crescimento.
Que o desastre causado pela irresponsabilidade dilmista sirva de
motivação para fortalecer as instituições e a gestão das contas
públicas, pilares para um projeto de desenvolvimento que possa durar
mais que um ciclo eleitoral.
extraídaderota2014blogspot
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