por Valdo Cruz Folha de São Paulo
A lama de Mariana chegou ao mar neste fim de semana, mas bem antes disto
outro tipo de lamaçal estava contribuindo nas profundezas das águas
turvas de Brasília para a tragédia ambiental.
Explico. No ano passado, numa conversa reservada, um empresário fez o
seguinte relato a amigos. Havia sido procurado por um grupo de
deputados, gente importante, com uma proposta nada republicana, mas
bastante comum por aqui.
O empresário deveria reunir seu setor, arrecadar algumas dezenas de
milhões de reais e "doar" aos parlamentares em questão. Em troca, o
código de mineração seria aprovado da forma que o setor queria.
A grana entraria pelos canais enlameados da política, sem deixar
rastros. Pelo visto, a extorsão não prosperou da forma como foi urdida
pela turma que adora estes caminhos para se manter no poder.
Em tramitação na Câmara dos Deputados desde 2013, até hoje o código,
conjunto de normas sobre a atividade mineradora, não foi aprovado.
Dormia nas gavetas do legislativo à espera de uma ajudazinha,
prejudicando até o setor privado.
Agora, sob o impacto do desastre de Mariana, deputados tentam, enfim,
aprová-lo, incluindo regras para diminuir riscos ou minimizar danos
destas tragédias.
Algo que estava sendo deixado em segundo plano e não era visto como prioridade
Por falar em lama, a do terrorismo leva a Polícia Federal a propor não
tratar de "lobos solitários" jovens seduzidos pela ideologia de grupos
terroristas, mas que agem isoladamente em seus países.
Para a PF, a expressão envolve um clima de romantismo e pode funcionar
como um apelo à juventude. Ela prefere identificar estes terroristas
como "ratos solitários".
Por sinal, apesar de não termos tradição na área, há, sim, riscos de
muitos ratos agirem por aqui. Quem cuida do tema está em alerta.
extraídaderota2014blogspot
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