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09:53
ANDRADEJRJOR
EDITORIAL O GLOBO

Partido começa a
reagir à avalanche de denúncias contra a legenda, mas a sucessão de
novos fatos negativos torna quase impossível evitar danos

Não
é da índole petista aceitar fatos consumados contra o partido. Até hoje
mensaleiros condenados e em cumprimento de pena são saudados como
“heróis do povo brasileiro”. Há mesmo quem considere que o julgamento
daquele primeiro grande caso de corrupção em que o partido se envolveu
foi “político”, embora a maioria dos juízes do Supremo que trabalharam
no processo houvesse sido nomeada nos governos petistas.
No
petrolão começa a ocorrer o mesmo, apesar de evidências ainda mais
cristalinas da participação do partido — em um nível a ser esclarecido
pelas investigações — na montagem do mais amplo esquema de corrupção já
visto em atuação na área pública.
Ao contrário do mensalão,
surgido da denúncia de um aliado do PT e beneficiário do esquema,
Roberto Jefferson, o petrolão emerge de investigações avançadas da
Polícia Federal, com o Ministério Público e a Justiça federal do Paraná.
Já
existem sérias denúncias que prejudicam o PT feitas por acusados de
participar do esquema, depoimentos sob regime de delação premiada, em
troca da suavização de penas, mas com o compromisso de posterior
sustentação dos testemunhos com provas objetivas.
O escândalo é
não apenas maior que o mensalão — as cifras romperam a barreira do
bilhão, acima dos parcos milhões manejados por mensaleiros —, como
também, do ponto de vista judicial, é um caso bem mais denso.
Mas
o PT reage e, como sempre, parte para o ataque. Uma das estocadas é
clássica, na linha do “todos fazem”. No mensalão, foi a tentativa de
resumir o assalto ao Banco do Brasil/Visanet como simples caixa dois de
político — “como todos". Não funcionou, como se viu.
Agora, a
partir do depoimento de Pedro Barusco, ex-gerente geral da diretoria de
Renato Duque, indicado pelo PT/José Dirceu, de que recebeu propina em
1997, o partido quer que as investigações também cubram os governos FH.
Para isso, pressiona o MP e a Polícia Federal, esta por meio do ministro
da Justiça, José Eduardo Cardozo, quadro do partido. O PT fará o mesmo
na nova CPI da Petrobras. Quanto a Barusco, segundo o qual o partido
teria levado do petrolão cerca de US$ 200 milhões, o PT o interpelará na
Justiça.
O grande empecilho para o partido dar essa volta por
cima, porém, é a sucessão de fatos negativos contra ele. Sabe-se agora,
por exemplo, que o operador financeiro Alberto Youssef, em delação
premiada, tornou o tesoureiro petista João Vaccari Neto um personagem
ainda mais proeminente no petrolão, e incluiu de vez no caso o
mensaleiro José Dirceu. Os dois, segundo Youssef, recebiam propinas do
petrolão para o PT, bem como o ex-ministro Antonio Palocci.
Tudo precisa ser provado. Mas fica evidente que, a esta altura, já parece impossível o partido sair ileso do escândalo.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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