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09:53
ANDRADEJRJOR
EDITORIAL O ESTADÃO

A presidente Dilma
Rousseff parece ter cada vez menos controle sobre o governo, a julgar
pela frequência com que se mostra surpreendida pelos acontecimentos
relativos à sua administração. A extensa lista de episódios, que vão do
anedótico ao grave, serve apenas para confirmar a crescente sensação de
desgoverno no Planalto. Mesmo com todo o poder e o aparato de
inteligência de que dispõe, Dilma, cujo isolamento já se tornou
proverbial, parece saber cada vez menos sobre o que passa à sua volta,
com evidente prejuízo para a tomada de decisões.
O caso mais
recente foi sua reação diante do resultado da última pesquisa do
Datafolha sobre sua popularidade. O governo já esperava uma aprovação
menor, num momento em que medidas de ajuste fiscal se combinam com um
noticiário negativo sobre a corrupção na Petrobrás. Mas, no mundo da
fantasia em que vive, a presidente imaginava que seria uma queda
administrável, como a verificada durante as manifestações de junho de
2013. No entanto, a realidade se impôs, e ela ficou sabendo - para seu
espanto, segundo comentaram seus assessores - que a maioria dos
brasileiros finalmente se convenceu de sua inépcia e, pior, parece
suspeitar cada vez mais de sua honestidade.
Outra surpresa
manifestada recentemente nos corredores da Presidência foi com o tamanho
da derrota na eleição para a presidência da Câmara. Os mais de 260
votos contrários à orientação do governo foram um choque para Dilma,
pois ela, baseada em sabe-se lá qual avaliação, imaginava poder dobrar
ou pelo menos enfraquecer o PMDB no Congresso - um erro de proporções
ainda desconhecidas. Ficou claro, se ainda restava alguma dúvida, que
Dilma não tem nenhuma habilidade política e que, ao cercar-se de sabujos
que só dizem o que ela quer ornar, potencializou a ocorrência de erros
como esse.
Mas Dilma não foi surpreendida só no Congresso. Mesmo
em ambientes nos quais tem condições de exercer controle quase absoluto,
como na Petrobrás, a presidente fica à mercê dos ventos. A prova disso
foi a maneira como ela conduziu a substituição da diretoria da estatal,
tão desastrada que resultou na antecipação da renúncia coletiva dos
executivos. Mais uma vez, assessores de Dilma disseram que a presidente
se surpreendeu com o desfecho - que, no entanto, era perfeitamente
previsível diante da lambança em que se transformou a administração da
crise por parte do Planalto.
Até mesmo em seu próprio Ministério
as "surpresas" se multiplicam. Já houve ministro que pediu demissão sem
avisar - como Marta Suplicy, que deixou o Ministério da Cultura
questionando a credibilidade de Dilma - e outro que anunciou uma medida e
teve de voltar atrás um dia depois, após levar um pito da irascível
presidente - caso de Nelson Barbosa (Planejamento), que falou em nova
regra para o reajuste do salário mínimo.
Que ninguém se
surpreenda, portanto, com a dificuldade de Dilma de se antecipar aos
fatos. Desde o início de seu primeiro mandato, a presidente vem exibindo
preocupantes sinais de desconhecimento e de desinformação. Houve
momentos em que essa ignorância teve resultado apenas cômico -como
quando, em entrevista a uma TV portuguesa, em março de 2011, Dilma ficou
atônita ao receber do entrevistador a notícia de que o
primeiro-ministro com quem ela deveria se encontrar, em visita de Estado
a Portugal, havia renunciado.
Na maior parte das vezes, no
entanto, seu descontrole administrativo, cujos resultados sempre a
"surpreendem", trouxe prejuízos imensos ao País. No primeiro mandato, um
dos momentos mais significativos dessa inépcia se deu durante as
manifestações de junho de 2013. Por falha de seus assessores de
inteligência, Dilma desconhecia a extensão da insatisfação popular que
resultou naqueles protestos e, como tem sido habitual, agiu a reboque
dos acontecimentos.
Para cargos com tamanha responsabilidade,
como o da Presidência da República, há um limite para os erros. Dilma
não pode mais se proteger deles com o manto da ignorância.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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