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09:52
ANDRADEJRJOR
MÍRIAM LEITÃO O GLOBO

A inflação pode terminar
2015 acima de 7,5%, bem acima do teto da meta. É o que projetam os
economistas Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, e Salomão Quadros,
responsável por índices de inflação da FGV. O que mais pesará nas taxas
será a tarifa de energia. Em fevereiro, Cunha prevê uma taxa que pode
ser também em torno 1,2%. O IPC, da FGV, ficou em 1,7% em janeiro. Em
fevereiro, ficará abaixo do IPCA do mês.
Entrevistei os dois
sobre as perspectivas de inflação de 2015 e 2016. A boa notícia é que
eles acham que no ano que vem o índice deve ser menor. Este ano, o custo
da recomposição de preços administrados, aqueles sobre os quais o
governo tem controle, será alto. Luiz Roberto Cunha está prevendo uma
inflação de preços administrados de 13% este ano. No ano passado, foi
pouco mais de 5%.
Há uma divergência entre os dois economistas
sobre o patamar a que vai chegar o reajuste da energia em 2015. Luiz
Roberto Cunha acha que pode ficar em 50%. Salomão Quadros calcula que
fica abaixo disso, porque parte do aumento represado será jogado para o
ano que vem.
- Eu acredito em 38% de reajuste de energia este
ano. Foi importante acelerar o processo de normalização das tarifas de
energia elétrica, mas a situação se complicou de tal maneira que não há
como resolver de uma tacada só, é muito difícil. Com alta forte assim
podem ocorrer outros problemas, como inadimplência, e afetar o caixa das
empresas. Então, eu acho que o governo deve fazer uma grande parte do
ajuste das tarifas este ano e deixar o resto para o ano que vem, um
aumento em torno de 10% - diz Salomão.
O dólar, segundo os
economistas, é uma variável crítica para ter uma noção dos custos
inflacionários este ano. O que Salomão lembra é que os derivados de
petróleo - exceto gasolina e diesel - estão caindo, como querosene de
aviação e nafta. E essa queda afetará favoravelmente o custo das
empresas, indo para toda a economia. Além disso, os preços de outras
commodities têm caído, atenuando a alta dos índices ao produtor. Os IGPs
da Fundação estão em torno de 4%.
Cunha lembrou outro ponto
favorável. Ele acha que este ano não haverá uma pressão muito grande de
preços de alimentos. Foi um item que subiu forte no IPCA de 1,24% de
janeiro, o que é normal em começo de ano, quando frutas, verduras e
legumes sobem muito. Mas para 2015 ele disse que há dados positivos em
grãos, principalmente soja e milho.
Há notícias de perdas em
algumas áreas do Sudeste e Centro-Oeste, mas, no mundo, houve safras
boas, e a colheita no Sul do Brasil está muito bem. Os preços desses
produtos estão em queda, o que reduz a pressão de alimentos na inflação.
-
O que pode atrapalhar são a carne e o leite, porque esses dependem das
pastagens, muito afetadas pela seca. Não acho que teremos muita pressão
de alimentos este ano. O que pesará mesmo será o reajuste de energia. Já
começou a pesar com a introdução do sistema de bandeiras, que elevou o
preço em janeiro. Agora haverá, em março, um aumento da bandeira - disse
Luiz Roberto Cunha.
É um mecanismo que reajusta as tarifas
sempre que estiverem sendo usadas as térmicas, que produzem energia a um
preço maior. Mas o governo decidiu também elevar o custo dessa taxa
extra e isso acontecerá em março. Depois, virá o aumento anual que
acontece ao longo do ano, no mês de cada distribuidora. Além disso,
haverá o reajuste extraordinário para cobrir o custo dos subsídios que
foram retirados pelo governo.
Este é um momento crítico para a
inflação, segundo Luiz Roberto Cunha, porque desde a posse do
ex-presidente Lula, quando houve uma forte desvalorização, que elevou o
índice de preços, nunca mais houve uma inflação tão alta quanto a de
janeiro: - É de fato um momento crítico, mas que corrige os erros do
passado.
Salomão lembra que o dólar é muito relevante para a
inflação, então sua evolução definirá parte das pressões inflacionárias
de 2015, mas elas podem ser mitigadas pela queda dos preços de
commodities.
Em resumo: é ano de inflação alta, fevereiro será
quase tão forte quanto janeiro e deve ficar acima de 1%. O ano de 2015
termina com taxa de 7,5% na opinião dos especialistas, mas em 2016, a
inflação volta para 6%, dependendo da política econômica.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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