Jornalista Andrade Junior

sábado, 20 de dezembro de 2014

Legado da Copa foi um tremendo 171

Jacques Gruman
Parece que foi no Paleolítico, mas se passaram menos de seis meses. Lembram como fomos bombardeados por sucessivas falácias sobre a “Copa das Copas” (sic), enaltecendo legados e vantagens? Era dia sim, outro também. Os estádios seriam grandes gatilhos para o desenvolvimento regional, o turismo explodiria, a cultura descentralizaria (essa pérola, como muitas outras, foi do ministro dos Esportes, o mesmo parlapatão que elogiou recentemente Eurico Miranda, déspota sem freios).
Quem se atrevesse a questionar era tachado de derrotista, de vendido aos interesses da oposição e outras gracinhas. Não adiantava argumentar com números e dados assustadores sobre o custo da farra. O que importava era a festa e as imagens que ela geraria, armazenadas para a campanha eleitoral que se aproximava. Os 7 a 1 enterraram os megalomaníacos.
BAIXA OCUPAÇÃO
Levantamento feito pela Folha de São Paulo mostra o que aconteceu com os estádios construídos para a Copa. A Arena da Amazônia, por exemplo, construída pela bagatela de R$ 669,5 milhões, abrigou apenas 4 partidas depois da Copa, com ocupação média por jogo de pouco mais de 30%. O Mané Garrincha, em Brasília, teve 5 jogos, com ocupação média de 37%. E por aí vai. Com exceção do Mineirão e do Itaquerão, todos os demais estádios tiveram ocupação média por jogo inferior a 50%.
Nos lugares mais afastados, só se programam partidas por conta da maluquice suspeita dos responsáveis pelo futebol brasileiro. Tradução: foram superdimensionados, com farta aplicação de recursos públicos. Dois deles, no Amazonas e em Mato Grosso, vão ser privatizados. Para aguentar os pesadíssimos custos de manutenção, as administrações dos estádios estão alugando os espaços para festinhas infantis, casamentos coletivos, shows, encontros corporativos, etc.
A Arena Pantanal, em Cuiabá, chegou a ser alugada para lançamento de um condomínio! Tudo cheira mal, muito mal, como se, antes da Copa, não existissem equipamentos urbanos para a realização de bar-mitzvás e casamentos. Jogaram na goela do povo um paraíso esportivo que não se concretizou. Agora, bem no estilo nacional, estão tentando dar um jeitinho.
A goleada não foi apenas da Alemanha. Tomamos a maior surra da turma 171, sempre generosa com recursos de terceiros. Brasilsilsil !



fonte atribunadainternet

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