Jornalista Andrade Junior

sábado, 20 de dezembro de 2014

Auditoria da CGU desmoraliza a CPMI da Petrobras

Deu no Globo
Auditoria apresentada pela Controladoria Geral da União (CGU) constatou que a Petrobras teve um prejuízo de US$ 659,4 milhões (R$ 1,8 bilhão) na compra da refinaria de Pasadena, no Texas. De acordo com o estado deteriorado da refinaria à época da aquisição, entre 2006 e 2008, a CGU considerou que a estatal brasileira pagou um montante muito superior ao valor real. O órgão apontou 22 responsáveis pelo negócio, mas isentou a presidente Dilma Rousseff — que presidiu o Conselho de Administração da Petrobras — e a atual presidente da estatal, Graça Foster, de qualquer responsabilidade.
A polêmica refinaria de Pasadena já era malvista pela área técnica da Petrobras desde o início do processo de avaliação para a aquisição, tanto que antes da realização da compra ganhou o apelido de “ruivinha” por funcionários da estatal. Era uma referência à ferrugem nas suas instalações.
O ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, determinou a instauração imediata de processos contra os 22 responsáveis, entre eles ex-dirigentes, empregados e ex-empregados da Petrobras, alguns já identificados pela comissão interna da estatal. Estão nessa lista o ex-presidente José Sérgio Gabrielli e os ex-diretores Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada. Hage explicou que os comprovadamente envolvidos terão que ressarcir os cofres públicos e os que não deixaram a empresa serão demitidos e deverão ser condenados a não retornar ao serviço público.
DILMA FICA DE FORA
A refinaria foi comprada em 2006, quando a Petrobras adquiriu 50% da empresa americana. A aquisição da outra metade ocorreu em 2008. Jorge Hage explicou ao GLOBO a não inclusão do nome de Dilma entre os possíveis responsáveis.
— O Conselho de Administração (da Petrobras) como um todo está isento de responsabilidade. Não só ela (Dilma). O conselho não foi informado, não recebeu as informações devidas. E houve manobras, como apontamos, no sentido de que, na véspera da reunião do conselho, em 20 de junho de 2008, provocou aquela situação que tornava a Petrobras obrigada a comprar os outros 50%, sem que o conselho autorizasse. Os camaradas fizeram isso na véspera. As evidências são mais que claras da intenção deliberada de se criar uma situação — disse Hage, referindo à aquisição dos restantes 50% da refinaria.
Perguntado se Graça Foster, que foi diretora de Gás e Energia, teve algum envolvimento, Hage respondeu:
— De forma alguma. Não há qualquer situação que a envolva.
ESTUDO INCOMPLETO
De acordo com o relatório da CGU, um estudo técnico feito para a compra dos primeiros 50% não considerou todas as possibilidades e riscos do negócio, o que poderia ter reduzido o valor da compra.
“Quando da aquisição dos 50% iniciais dos bens e direitos de Pasadena, desconsideraram os apontamentos feitos por consultoria contratada para avaliar o negócio, pagando pelos ativos da refinaria americana preços superiores às melhores estimativas feitas, sem levar em consideração, em nenhum momento, a busca pelo menor preço”, concluiu a CGU.
O PETRÓLEO É NOSSO
O ministro considera lamentável o escândalo na Petrobras:
— Muito triste isso tudo. Inclusive para quem tem idade, como eu, de ter participado de campanhas como “O petróleo é nosso”. Foi nos meus tempos de faculdade.
A CGU identificou que a argumentação usada para a aceitação de um valor tão alto para a compra em 2006 foi fundamentada no potencial do rendimento do empreendimento, e não no valor dos ativos no estado em que se encontravam. Para a CGU, a Petrobras deveria ter buscado nas negociações, entre os diversos cenários montados pela consultoria Muse Stancil, o que mais a favorecesse, mas acabou escolhendo o pior deles. Com isso, a empresa belga Astra Oil — então proprietária de Pasadena — teve vantagens na negociação.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA auditoria mostra que o relatório da CPMI do Congresso, do deputado Marco Maia, foi uma peça de ficção. Jorge Hage fez um bom trabalho na CGU. Pena que esteja demissionário, em protesto contra o corte de verbas feito pela presidente Dilma, que inviabiliza novas auditorias. Dilma também cortou verbas da Polícia Federal, embora apregoe que nunca antes, na História deste País, um governo tenha incentivado tanto o combate à corrupção. (C.N.)




fonte tribunadainternet

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