Lucas Berlanza
O magnata Mark Zuckerberg afirmou que os verificadores de fatos vêm sendo muito tendenciosos politicamente, suspendeu o recurso a eles nas redes sociais mantidas por sua empresa e disse que trabalhará com o governo Trump para reagir a autoridades do mundo que favorecem a censura, entre elas “tribunais secretos” de “países da América Latina” que dão ordens sigilosas de remoção de conteúdos a companhias dos EUA.
Comentei ontem que era muito bom que esse movimento incomodasse os defensores do consórcio autoritário que hoje comanda os rumos do Brasil. Muitos amigos manifestaram contrariedade, ponderando que Zuckerberg não é confiável, que é mais um empresário oportunista acenando a um governo, que admitiu ter tolerado restrições ao discurso de direita esse tempo todo, e, consequentemente, nada sairá disso e devemos nos preservar céticos.
Acho que o pessoal não entendeu como o mundo funciona – o que me parece ser parte de um conceito saudável de ceticismo. Tudo se resume a você conseguir mais peças no tabuleiro para apoiarem as suas pautas onde elas precisam ser apoiadas. Eduardo Cunha não tinha ética, não é um herói, não é um bom moço, e precisávamos dele para depor Dilma Rousseff. Alguém se importava com o caráter dele? Ele era o presidente da Câmara e pronto.
O cenário hoje no Brasil é de um acordo de conveniência de Executivo, Judiciário e setores da grande imprensa para amparar uma burocracia autoritária na adoção de medidas arbitrárias sem prazo de validade, destroçando a segurança jurídica e avançando contra liberdades individuais, sob o falso pretexto da “proteção da democracia” contra o “extremismo golpista de 8 de janeiro de 2023”.
Se eu tenho um governo da nação mais poderosa do mundo com secretários como Marco Rubio e Elon Musk, críticos da situação no Brasil e bem cientes do que por aqui se passa, e eu tenho um magnata daquela mesma nação como Zuckerberg se somando a esse discurso, isso é automaticamente uma boa notícia. Se terá efeitos práticos mais patentes, não tenho bola de cristal para saber, mas por que eu lamentaria algo que incomoda os nossos algozes?
PUBLICADAEMhttps://www.institutoliberal.org.br/blog/politica/mark-zuckerberg-e-o-conceito-de-ceticismo/
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