editorial do Estadão
O medo do desemprego cresce ininterruptamente desde março do ano
passado, mostrou a pesquisa trimestral da Confederação Nacional da
Indústria (CNI) e do Ibope, que ouviu mais de 2 mil trabalhadores em 144
municípios. Em setembro, o temor foi 6,2% superior ao de setembro de
2013 e o maior desde o último trimestre de 2009, ano em que a produção
industrial caiu 7,1% e o PIB declinou 0,3%. Outros indicadores
divulgados ao longo da semana explicam por que os trabalhadores da
indústria estão com medo de perder o emprego.
Depois de cortar 8,7 mil vagas em 12 meses, até agosto, as montadoras
voltaram a abrir programas de demissão voluntária ou a dar férias
coletivas aos empregados (que estão entre os mais qualificados e bem
remunerados do setor industrial), mostrou o Estado (2/10).
A GM abriu um plano de demissão voluntária (PDV) nas fábricas de São
Caetano do Sul e São José dos Campos, enquanto a Ford, a Renault e a
Volkswagen, para evitar o acúmulo de estoques, anunciaram férias
coletivas e licenças em São Bernardo do Campo e São José dos Pinhais
(PR).
A melhora das vendas de veículos de agosto para setembro não foi
suficiente para mudar o resultado do ano, que registra queda de 9,1% em
relação a 2013. Não é muito diferente do que ocorre na indústria em
geral: pesquisa do IBGE divulgada quinta-feira mostrou que, embora a
produção tenha crescido entre julho e agosto, pelo critério da média
móvel trimestral continuou a haver queda. Em 9 dos últimos 12 meses
ocorreu diminuição da produção, pelo mesmo critério.
A produção industrial está estagnada desde 2010, mas os custos
trabalhistas continuam a subir. Isso afeta a competitividade das
empresas e, em consequência, já põe em risco o emprego dos
trabalhadores. Em 12 meses, até agosto, quase 75 mil postos com carteira
assinada haviam sido cortados na indústria de transformação, segundo o
Ministério do Trabalho.
Da pesquisa da CNI denominada Medo do Desemprego e Satisfação com a
Vida, no entanto, consta um indicador que contrasta com o temor da perda
do emprego: mais trabalhadores se declararam satisfeitos com a vida. A
explicação mais provável é que a maioria que se manteve no emprego - e,
em especial, que obteve aumento real de salário - tem, sem dúvida,
motivos para comemorar.
Mas, com a economia estagnada, parecem inevitáveis as pressões sobre o
emprego em geral - e, em particular, sobre o emprego industrial.
fonterota2014





0 comments:
Postar um comentário