Aloísio de Toledo César O Estado de São Paulo
Neste
momento de ressaca eleitoral é normal que as pessoas procurem imaginar
como será o Brasil nos próximos quatro anos de governo de Dilma Rousseff
e do Partido dos Trabalhadores.
Nos
Estados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, do Norte e Nordeste,
percebeu-se pelo resultado das eleições que a população não demonstrou
interesse em mudar, ou seja, as pessoas pareceram estar satisfeitas com o
atual governo (tanto assim que votaram por sua permanência). Isso deve
ser respeitado.
Mas
em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Espírito Santo, em São Paulo,
no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul é grande o
desconforto dos brasileiros com a circunstância de vivermos num país
emperrado, que cresce menos do que a Bolívia e o Paraguai. Para muitos, o
resultado da disputa eleitoral foi pior do que perder para a Alemanha
de 7 a 1.
Enfim,
neste segundo universo a ansiedade é maior. Ao contrário daqueles que
demonstraram comodismo, e parecem achar que tudo deve continuar como
está, os perdedores da eleição preocupam-se com o que poderá acontecer
não só com o próprio País, mas com cada um de nós.
A
ausência de crescimento econômico tem sido a tônica dos quatro anos
anteriores do governo Dilma, mas como tanto ela como o Partido dos
Trabalhadores continuarão a mandar as esperanças ficaram reduzidas. As
mesmas pessoas, com os mesmos pensamentos, foram mantidas no poder e
isso não provoca entusiasmo algum, causando a impressão do mesmo
marasmo, da mesma água morna.
A
toda hora se ouve que o País é um só e que não se deve raciocinar em
cima do resultado das eleições. A presidente da República falou várias
vezes ao longo da campanha eleitoral que vai tomar atitudes em favor da
educação, da saúde, dos transportes e da segurança pública. Mas como ela
já podia ter feito isso, e não fez, é normal que existam descrédito e
desconfiança.
Na
verdade, sempre se mostrou notória a fragilidade da presidente Dilma na
forma de governar. Essa incapacidade lhe é intrínseca, ou seja, vem do
seu interior, do seu intelecto e, quem sabe, até mesmo do seu coração.
Por força da inaptidão, acabou por produzir um governo de encolhimento
do País e de florescimento do sentimento de revolta dos que não se
conformam com o marasmo.
Nos
Estados em que ela perdeu as eleições a sede por desenvolvimento é
muito mais expressiva, porém se mostra bloqueada pela pequenez da
conduta governamental. Veja-se que a presidente, na tentativa de fazer
um bom governo, chegou ao absurdo de constituir 39 ministérios, como se a
presença maciça de mais políticos no poder resultasse em melhora.
O
efeito foi contrário, tudo piorou, e esse número vergonhoso de
ministérios serviu unicamente para inchar ainda mais a máquina pública e
aumentar os gastos com pagamentos a servidores. Houve algum benefício?
As reuniões da presidente da República com seus 39 ministros deveriam
ser transmitidas pelas TVs oficiais e assim demonstrar aos brasileiros a
inutilidade de tanta gente no governo.
Mas
por que a presidente convocou tantos políticos para fazer parte de seu
governo? Foi a forma que encontrou de anestesiar os partidos políticos
no Congresso Nacional e cobrar cada um desses ministros nos momentos de
votação de projetos de interesse da administração federal.
O
absurdo dessa conduta conduziu a um resultado muitas vezes pior: o
avanço no dinheiro público para satisfazer as baixas necessidades dos
políticos que não são capazes de apoiar a presidente em função de
ideias, mas somente de vantagens pessoais e econômicas.
Esse
comportamento condenável levou à eclosão do escândalo do mensalão e,
mais recentemente, ao da Petrobrás, que agora não é mais nossa, é deles.
Nessa
realidade, em que a presidente reeleita tem como traço característico
inaptidão tão expressiva e o Partido dos Trabalhadores continuará com
mais força ainda, o sonho de um Brasil melhor, que crescesse mais e
produzisse mais, ficou outra vez adiado.
A
inabilidade de Dilma Rousseff nos últimos tempos foi tão marcante que
chegou ao extremo de anunciar previamente a substituição do ministro da
Fazenda, circunstância que introduziu mais insegurança ainda entre
empresários, industriais e comerciantes. A repercussão no exterior foi
péssima e se converteu na previsão, feita pela maior parte dos
economistas, de que dificilmente esse Brasil petista atrairá
investimentos externos, podendo, ao contrário, resultar na fuga de
capitais.
Outra
circunstância que desautoriza previsões otimistas está na segurança
interna, ou seja, na falta dela. Parece inacreditável que continuem a
ingressar no Brasil, pelas fronteiras de países vizinhos, as armas e
drogas que alimentam o crime organizado e matam os nossos filhos e
netos. Não se vê o menor esforço governamental para se aliar a esses
vizinhos no necessário combate à produção das drogas e à entrada de
armas, produzidas, sobretudo, nos Estados Unidos e na Europa. Esses
países vizinhos, ocupados por governantes amigos do ex-presidente Lula,
continuam a produzir cocaína e a permitir a entrada de armas a fim de
serem exportadas clandestinamente para o Brasil.
Não
se pode compreender a insensibilidade do atual governo para um problema
dessa grandeza. A percepção que se tem é de que tudo continuará assim
mesmo e que o companheiro Evo Morales continuará a dizer que a cocaína
não é um problema na Bolívia. E não é mesmo: é um problema nosso. E para
ele, um cocaleiro, isso não faz diferença alguma.
Sempre
é bom lembrar que algum tempo atrás, quando a Petrobrás ainda era
nossa, Evo Morales submeteu o Brasil e os brasileiros a uma odiosa
humilhação, bloqueando as atividades da empresa na Bolívia da forma mais
torpe. E nada lhe aconteceu.
fonte rota2014
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