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08:07
ANDRADEJRJOR
DORA KRAMER
O ESTADÃO -
Na
última segunda-feira a repórter Tânia Monteiro fez as contas: há exatos
31 dias a presidente Dilma Rousseff não pisava no Palácio do Planalto.
Hoje faz 35 e há muito mais tempo que isso não se tem notícia de um ato
dela que não seja como candidata à reeleição.
O mais grave é que
não parece fazer falta. Ou pior: só vamos saber disso depois da eleição,
quando o País voltar a funcionar - se é que voltará - ao ritmo normal.
Quando, por exemplo, o governo liberar os números sobre economia,
desempenho do ensino público, desmatamento e pobreza no País, cuja
divulgação foi adiada para não afetar a votação da presidente,
considerando indicações de que os resultados seriam negativos.
Já
os dados positivos sobre o baixo índice de desemprego não sofreram
adiamento; foram divulgados ontem. Problema algum não fosse o fato
apontado pela Folha de S. Paulo de que as outras estatísticas tinham
datas previstas para serem conhecidas entre os meses de agosto e
outubro. Ficaram para novembro.
Às diversas peculiaridades da
presente campanha eleitoral é de se acrescentar a eliminação por
completo da separação entre as agendas da presidente e da candidata. Até
a eleição passada, ainda havia alguma preocupação em se manter as
aparências. Agora não. Dilma Rousseff ultimamente só foi vista em
dependências oficiais ou no exercício da função presidencial quando lhe
interessou o uso da prerrogativa. Por exemplo, para dar entrevistas no
Palácio da Alvorada, cenário a ela favorável, ou para usar a tribuna da
ONU como palanque.
Sem falar em toda a estrutura que deve cercar
um chefe de nação. Agora, quando o postulante se afasta completamente de
suas funções e passa apenas a se dedicar à campanha em tempo integral, a
coisa muda de figura. Está tudo desregulado e em contraposição aos
preceitos da impessoalidade, da transparência e da probidade exigidos de
todo funcionário público, a começar por aquele que preside a República.
Seria
esse tipo de coisa defeito do instituto da reeleição? Não
necessariamente. Mas é um dado que poderia ser ponto de partida para se
pensar em instituir a obrigatoriedade do afastamento temporário aos
postulantes de um novo mandato, como ocorre em caso de
desincompatibilização seis meses antes para disputa de cargos
diferentes.
Pesquisas. Sobre a dianteira de Dilma no Ibope e
Datafolha não há mistério: ponto para o marqueteiro João Santana. A
vantagem obtida é obviamente fruto da campanha negativa. Até porque não
aconteceu nada na última semana além de ataques.
Mútuos. A
questão é que Aécio Neves sendo muito menos conhecido é mais permeável a
eles, pois aquela faixa do eleitorado que havia aderido sem muita
convicção tende a ser mais sensível às maledicências e a mudar o voto
com mais facilidade. Em eleição acirrada, tal montante nem precisa ser
muito numeroso.
Correção. Assessoria de imprensa dos Correios
envia o seguinte e-mail: "Com relação ao texto 'De oito a 80',
esclarecemos que nenhuma agência dos Correios foi transformada em comitê
eleitoral por qualquer candidato ou partido. A rede de agências
dedica-se unicamente à prestação de serviços aos clientes, fato que pode
ser verificado por todo cidadão brasileiro, já que as unidades são de
acesso público. Caso a colunista tenha provas da afirmação realizada,
solicitamos comunicar aos Correios para que seja realizada apuração
sobre os fatos".
Realmente, a referência feita não estava
correta. O uso não foi de agências. Mas de funcionários. Pelo menos em
Minas Gerais onde, conforme disse o deputado Durval Angelo em reunião na
presença do presidente da empresa, o PT conseguiu bom desempenho no
Estado porque "tem dedo forte dos petistas nos Correios".
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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