VOTE POR UM BRASIL MELHOR, VOTE AÉCIO45
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO -
Trajetória brasileira é igual à dos principais países emergentes. Com uma diferença: nós em geral chegamos atrasados
O Brasil chegou até aqui da seguinte maneira:
1.
Estabilização macroeconômica, a partir da introdução do Real (1994) e
de uma série de reformas que se prolongaram por uns dez anos, nos dois
governos FH e no primeiro mandato de Lula.
2. Entre as reformas, a
mais importante foi a Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelecendo
regras para o gasto público e tornando obrigatória a geração de
superávits primários para a redução do endividamento do governo.
Essenciais as normas proibindo a União de financiar estados e proibindo
bancos estaduais de emprestar para estatais.
3. Essencial também a
reestruturação das dívidas dos estados, com base em uma legislação que
simplesmente obriga os governos estaduais a gerar superávits mensais, em
vez de déficits e dívidas, como era até então. Acrescente-se aqui o
fechamento (e privatização) de bancos estaduais, até então máquinas de
buracos sem fundo.
4. A reestruturação de todo o sistema
financeiro, privado e público. Não esquecer: Banco do Brasil e Caixa
estavam literalmente quebrados; foram capitalizados (R$ 9,5 bilhões só
para o BB), saneados e colocados sob gestão profissional, ainda no
governo FH.
5. As privatizações dos setores de telecomunicações,
siderurgia, mineração e energia, todos com grande expansão posterior. As
concessões de rodovias. A quebra do monopólio da Petrobras e sua
transferência para a União, que passou a leiloar a concessão de campos
de petróleo. Vieram novos investimentos privados nacionais e
estrangeiros, que levaram às descobertas, inclusive do pré-sal. A
Petrobras foi saneada e profissionalizada.
6. Reformas da Previdência.
7.
Flexibilização de leis trabalhistas, como a introdução do banco de
horas e do sistema de suspensão temporária do contrato de trabalho,
largamente em uso hoje, e que impedem o aumento do desemprego.
8. O câmbio flutuante e o regime de metas de inflação (1999).
9. Alguma abertura no comércio externo.
10.
As bases dessa verdadeira revolução estavam prontas quando Lula assumiu
em 2003. Mas seu primeiro mandato foi essencial para consagrar um tipo
de consenso macroeconômico, que pode ser assim resumido: não pode ter
inflação; o governo tem que gastar menos que arrecada; a dívida pública
tem que cair.
11. Reajustes reais do salário mínimo e programas sociais, já em funcionamento, mas ampliados de modo substancial com Lula
12.
As reformas microeconômicas no primeiro mandato Lula, facilitando a
vida de empresas e, muito especialmente, modernizando e dando segurança
ao crédito, que simplesmente explodiu (imobiliário, consignado e
automóveis). Isso foi o consumo das famílias.
13. A China caiu do
céu. No início deste século, o Brasil mal exportava US$ 1 bilhão/ano
para a China. Já em 2008 ultrapassava os 40 bilhões. A China puxou os
emergentes e o Brasil foi na onda. Tornou-se superavitário no comércio
externo. Sobraram dólares no Brasil, que o Banco Central comprou e
formou as reservas.
14. A mineração e, sobretudo, o agronegócio, privados, que aproveitaram a oportunidade e tornaram-se grandes exportadores.
Essa
trajetória brasileira é igual à dos principais países emergentes. Com
uma diferença: o Brasil em geral chegou atrasado. Quando se acabou a
inflação por aqui, ela já não era problema no mundo.
Outra
diferença foi no ritmo de crescimento. Houve incrível expansão mundial,
coincidindo com o início do governo Lula e durando até 2008. Todo mundo
tirou pessoas das pobreza, as novas classes médias se formaram por toda
parte. Mas no período 2003/07, por exemplo, o Brasil cresceu 4% ao ano
em média, contra 4,8% do mundo e 7,6% dos emergentes. Foi assim em todos
os períodos seguintes.
Depois da crise de 2008/9, o governo Lula
começou a desmontagem do modelo, acelerada na gestão de Dilma Rousseff.
As leis básicas não foram alteradas, mas as práticas, sim. O regime de
metas de inflação está aí, mas a meta não é cumprida faz tempo.
A
Lei de Responsabilidade fiscal está aí, mas o governo manobra as contas
de modo a ampliar gastos — e dívidas. O governo empurra os bancos
públicos para operações duvidosas e que logo, logo, apresentarão
problemas. Práticas pré-Real.
Resultado: inflação alta, rodando
na casa dos 6,5% ao ano (e, mesmo assim, “martelada”), enquanto o mundo
todo tem inflação muito baixa; crescimento zero, enquanto os emergentes
crescem 4,5%; juros na casa dos 11% ao ano, muito acima do padrão
mundial e dos emergentes.
O desemprego é baixo em consequência
daquelas mudanças que foram se consolidando. E não é uma proeza
brasileira. Neste momento, o Brasil não gera empregos, a população
trabalhando é estável faz algum tempo, segundo dados do IBGE. E, se
continuar sem crescimento econômico, vai gerar desemprego.
E a
taxa de desemprego nos outros países? Na casa dos 6%, pouco mais (Índia,
8,8%; Colômbia, 8,9%), pouco menos (México, 4,9%; Indonésia, 5,7%).
Resumão: o Brasil tem inflação maior, juros maiores, crescimento menor e desemprego igual, mas com tendência de alta.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
0 comments:
Postar um comentário