O senador e ex-candidato a vice de Aécio Neves afirmou que oposição continuará a fiscalizar o governo de maneira "firme" e "sem transigência"
Um dia depois da derrota de Aécio Neves na disputa presidencial, o
candidato a vice da chapa tucana, Aloysio Nunes Ferreira, afirmou que a
presidente Dilma Rousseff "não tem direito à lua de mel" e prometeu
fazer oposição "firme" e "sem transigência". Aloysio e Aécio foram
eleitos senadores em 2010 - o primeiro, por São Paulo, e o segundo por
Minas - e retornam às atividades parlamentares após o fim das eleições.
"Não tem por que diminuir a intensidade da oposição. Ela (Dilma) não tem
direito à lua de mel que todo governante recém-eleito tem quando tem
novo mandato", afirmou o senador. "Nós vamos trabalhar para cobrar
aquilo que ela prometeu (na campanha), para revelar aquilo que ela
escondeu. Ela não terá trégua da nossa parte." Para Aloysio, o PSDB
deixou as eleições deste ano "com um mandato": o de endurecer a
oposição.
Com a derrota de Aécio, o PSDB está focado a partir de agora em manter o
tom duro de oposição a Dilma usado ao longo da campanha eleitoral. O
partido tem como objetivo levar ao Congresso um discurso afinado com o
adotado pelo partido principalmente em São Paulo, onde capitalizou
praticamente sozinho o sentimento antipetista dos eleitores.
Além de Aécio e Aloysio, o PSDB contará com outros nomes combativos da
sigla para defender essa nova postura, como José Serra (SP), Alvaro Dias
(PR) e Tasso Jereissati (CE). Em 2015, a bancada do PSDB no Senado será
menor: a legenda conta hoje com doze parlamentares e terá dez membros a
partir do ano que vem.
Na Câmara dos Deputados, onde o PSDB aumentou sua bancada - saltou de 44
para 57 parlamentares -, o partido já se articula para fortalecer a
oposição. Nesta terça-feira, representantes de partidos do bloco
oposicionista se reunirão na casa do deputado Mendonça Filho (DEM-PE)
para começar a alinhar discursos e traçar estratégias.
"Nós não vamos afrouxar as nossas convicções. Quem ganha governa. Quem
perde fiscaliza", disse o deputado reeleito Duarte Nogueira (PSDB-SP),
que participará do encontro em Brasília. "Nossa oposição vai ser muito
intensa e durante todo o mandato (de Dilma). Vamos cobrá-la dos
compromissos assumidos."
Diálogo – Alguns
parlamentares são céticos sobre a disposição de Dilma em dialogar com a
bancada oposicionista no segundo mandato. O deputado Marcus Pestana,
presidente do PSDB em Minas, disse que a presidente "não tem vocação
para o diálogo" e é dona de uma "índole autoritária".
"Em momento algum a presidente propôs um diálogo com a oposição. Ela não
teve a humildade de mencionar nada em relação aos 48 milhões de
eleitores que a rejeitaram e o que fez foi um discurso em que reafirma a
continuidade", afirmou o deputado mineiro. "E não acho que depois de
certa idade as pessoas mudem. Não creio nessa conversão súbita, não
creio que mude sua índole autoritária. Nossa oposição não vai titubear
em vocalizar o desejo de metade do Brasil", afirmou.
Para Duarte Nogueira, conversar com a oposição seria "um bom começo" da
presidente. O tucano sugeriu que Dilma fizesse o mesmo que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua gestão, mantendo canais
de diálogo com representantes de fora da base aliada. "Se ela (Dilma)
quiser, para efeito de início de diálogo, pode sentar para conversar com
a gente para explicarmos as nossas teses, que podem ser unidas às
ideias que ela já tem. Fica aqui minha sugestão", afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)
fonte rota2014
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