EDITORIAL FOLHA DE SP
Reeleita com a menor margem de votos que o Brasil já registrou, a presidente Dilma Rousseff (PT) experimentou, um dia após sua vitória, novas doses do mesmo "apoio" que o PMDB sempre lhe garantiu.
"A bancada do PMDB não será aliada automática para qualquer matéria", asseverou o deputado federal Eduardo Cunha (RJ), líder do partido na Câmara, durante entrevista a jornalistas do portal UOL.
Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), divulgou nota em que questiona a ideia de um plebiscito para realizar uma reforma política, proposta definida por Dilma como prioridade do segundo mandato. Para o senador, o mecanismo mais apropriado seria um referendo --em que a população só ratifica ou rejeita mudanças aprovadas pelo Congresso.
A volumosa base aliada de Dilma, que não primou pela fidelidade nestes quatro anos, talvez encontre, na diminuição do capital eleitoral da presidente, pretexto para ampliar sua rebeldia. A oposição, por sua vez, poderá tirar do mesmo fato o ânimo de que precisa para se revigorar.
Pelo menos no Senado, a bancada do PSDB, com dez cadeiras (a terceira maior), terá nomes de peso. Ao mineiro Aécio Neves, que voltará fortalecido da disputa presidencial, se somarão os ex-governadores José Serra (São Paulo), Antonio Anastasia (Minas Gerais) e Tasso Jereissati (Ceará).
Nos Estados, permanece razoável equilíbrio de poder. Verdade que a maioria das unidades da Federação dificilmente deixará de se alinhar ao Planalto, mas o PSDB, governando Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná e São Paulo, estará à frente de 72 milhões de pessoas, ou pouco mais de um terço da população nacional.
Em termos de recursos, os cinco Estados que serão comandados pelos tucanos arrecadaram, em 2013, um total de R$ 545 bilhões. Os cinco que o PT governará (AC, BA, CE, MG e PI) tiveram, juntos, R$ 114 bilhões de receita, enquanto os sete do PMDB (AL, ES, RJ, RS, RO, SE e TO) computaram R$ 288 bilhões.
Esse contrapeso oposicionista e a quase paridade eleitoral são positivos para o país. A presidente Dilma Rousseff --e o PT-- sabe que, pelos próximos quatro anos, terá pouco espaço para errar.
fonte avarandablogspot
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