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06:48
ANDRADEJRJOR
EU VOTO #AÉCIO45
CELSO MING
O ESTADÃO -
O brasileiro parece não dar importância à macroeconomia
Foi
o presidente Médici que identificou em 1970 o desencontro entre a
qualidade da economia do País e a qualidade de vida do brasileiro: “A
economia vai bem, mas o povo vai mal”, resumiu ele, frase que vai sendo
repetida, como agora, nesta Coluna.
A Pesquisa Datafolha
realizada terça-feira entre 4,3 mil eleitores de todas a regiões do
País, com a metodologia do gênero, identifica situação inversa. O povão
parece mais satisfeito com a vida e mais otimista com a economia, embora
os indicadores técnicos apontem para o contrário – e muita reclamação
continue acontecendo.
O crescimento econômico do Brasil é uma
sucessão de mediocridades e promete ainda muitos meses de paradeira. A
inflação, que vai perfurando o teto da meta e o bolso do consumidor, não
dá sinais de trégua. Ao contrário, a simples correção dos preços
atrasados, como o dos combustíveis, da energia elétrica e dos
transportes urbanos, acena com ainda mais inflação, e não com menos. O
investimento vai sumindo, a indústria está sendo sucateada e perde
competitividade todos os dias. São realidades objetivas, medidas,
avaliadas, interpretadas.
E, no entanto, o brasileiro parece não
dar importância à macroeconomia. A campanha da presidente Dilma, que
começou discutindo temas áridos até para especialistas, como autonomia
do Banco Central e o tripé da política econômica, enveredou agora para o
viés da tua-vida-melhorada. Tanta gente simples – dizem essas mensagens
– acaba de pôr os pés em casa própria ou, se ainda não, acha que logo
terá condições para isso. Tanta gente simples comprou geladeira e trocou
a velha TV por um modelo de última geração. Tanta gente, algumas vezes
por ano, passou a esticar um fim de semana na praia e passou a viajar de
avião pra Belém do Pará. E quem hoje não pilota um celular, aparelhinho
que facilita a vida, permite o uso de aplicativos espertos e já não
deixa ninguém mais ilhado no mundo?
Completam a paisagem otimista
os números do mercado de trabalho que apontam para uma situação de
pleno-emprego. Cada vez mais gente sacudida prefere não buscar emprego,
porque alguém de casa ganha Bolsa Família. É só completar o orçamento
com uma viração, um servicinho no jeito – coisa que há alguns anos não
acontecia.
A conclusão dessa pesquisa acena para alguma coisa
errada porque esse quadro não é tudo nem a maior parte. Outros fatos
ficaram repentinamente esquecidos. Há todo o sufoco conhecido, a baixa
qualidade do ensino; o mau atendimento à saúde pública; a falta de
segurança; as horas diárias perdidas na condução ruim e cara; e, mais
que tudo, na cada vez maior falta de oportunidades para subir na vida.
Enfim,
não dá para desconsiderar toda a energia das manifestações de
junho/julho do ano passado e a carga de reclamações contra a qualidade
de vida nas grandes cidades. Na própria área próxima do governo e do PT
há os movimentos sociais, o dos Sem-Terra, o dos Sem-Teto e o dos sem
outras coisas, que todos os dias passam o recado de que, ao contrário do
que diz o governo, a vida é dura de levar, mesmo sem colocar nessa
conta a falta d’água e a incerteza que vem com ela. A vida vai melhorar –
canta Martinho da Vila. Mas ainda falta muito.
CONFIRA:
Aí
está a evolução do faturamento do setor de serviços. Indica
enfraquecimento, uma vez que, dependendo da maneira como é medida, não
compensa nem a inflação do período.
Queda
O rebaixamento da
qualidade dos títulos da Petrobrás pela agência Moody’s é consequência
da forte deterioração do caixa da empresa. É o que coloca em risco o
pagamento da dívida de R$ 241 bilhões. Vários fatores concorreram para
isso. Mas o maior predador das finanças da Petrobrás é o represamento
dos preços dos combustíveis.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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