O Globo
Avaliação é que juro mais alto irá afetar confiança de empresas e consumidores
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou a
elevação da taxa Selic de 11% para 11,25% ao ano promovida nesta
quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
(BC). Na avaliação da entidade, o aumento do custo do dinheiro irá
afetar a confiança de empresas e consumidores em um momento em que a
atividade econômica já está estagnada. O temor é que esse cenário acabe
por afetar os níveis de emprego no país.
— Colocar toda a responsabilidade do combate à inflação na taxa de juros
vem se mostrando uma estratégia equivocada, uma vez que está pondo em
risco o maior patrimônio da economia brasileira atual, que é o emprego —
afirmou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf - que disputou o governo de
São Paulo pelo PMDB nas últimas eleições.
A federação lembra, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, que a geração líquida
de empregos formais mostrou contração em torno de 37% entre janeiro e
setembro deste ano frente ao mesmo período de 2013, a queda mais
expressiva desde 2009. "A indústria paulista já fechou 38 mil postos de
trabalho este ano", segundo a nota da entidade.
— Está cada vez mais evidente que o modelo atual se esgotou. O Brasil
precisa urgentemente de uma nova política econômica, baseada no controle
do gasto público, para que possamos obter baixa inflação e alto
crescimento econômico — criticou Skaf.
BANCÁRIOS TAMBÉM RECLAMAM DOS JUROS MAIS ALTOS
A decisão do Copom também desagradou a Associação Brasileira da
Indústria do Plástico (Ablipast). Na avaliação do dirigente da entidade,
José Ricardo Roriz Coelho, o juro mais alto não será suficiente para
controlar a inflação e ainda irá frear o crescimento da economia.
“Aumentar os juros não vai contribuir em nada para diminuir a inflação,
até porque, o crescimento do PIB deste ano deve ser zero, logo, não há
como frear a economia. Para levar a inflação a níveis mais baixos é
preciso urgentemente diminuir o custo de se produzir no Brasil e
incentivar investimentos que aumentem a oferta e a concorrência”,
afirmou, em nota.
Coelho cobrou ações estruturadas, de médio e longo prazos, e pediu que a
presidente Dilma Rousseff faça as articulações necessárias para reduzir
o déficit orçamentário. “O alto custo do capital prejudica o aporte de
investimento em empreendimentos produtivos”, lembrando que o setor está
trabalhando abaixo de sua capacidade devido ao baixo crescimento da
economia.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT) foi outra a desaprovar o aumento da Selic. Para o
presidente da entidade, Carlos Cordeio, a Selic maior irá dificultar
ainda mais o crescimento da economia.
— Mais uma vez o Banco Central desperdiçou uma boa oportunidade para
retomar o bom caminho da redução da Selic e, com isso, forçar uma queda
maior dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e
incentivar o emprego, o desenvolvimento e a distribuição de renda —
avaliou.
FONTE ROTA2014
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