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Por
demanda popular e porque muitos estão loucos para que eu diga algo a
respeito, apesar de que eu já disse anteriormente tudo o que penso desta
moça, passo levemente a “tocá-la com limão”.
Nada
me surpreende mais do que o alvoroço de alguns sobre as declarações de
Yoani Sánchez. Desde o primeiro momento Yoani falou e defendeu os
doutrinados em Cuba dos quais ela é parte primordial.
Ao
contrário, lhe estou muito agradecido por seus absurdos testemunhos
porque somente Zoe Valdés na França recebeu mais queixas do que eu por
nossas opiniões sobre esta dama que agora nos reivindica.
Jamais,
desde a primeira palavra impressa, ela se fez eco do exílio histórico
cubano. Além disso, desses não pode dizer nem um pio porque ela sabe
somente o que o doutrinamento castrista lhe inculcou.
Quanto
tempo teria durado sem que seus ossos tivessem sido enviados a Manto
Negro, ou a qualquer dos cárceres cubanos para cumprir 20 anos, se
tivesse dedicado três artigos defendendo, por exemplo, Luis Posada
Carriles? Não teria passado do primeiro escrito. Ela sempre comentou
sobre os aborrecimentos que padece a massa doutrinada. Coisas como que “há muito calor em Havana”, ou que “subiram os preços das frutas”. As mesmas incomodidades que o próprio Raúl Castro também critica...
Nada
de dizer que os irmãos Castro são uns filhos de uma cadela que desde há
tempo merecem estar no Inferno. Eu adoraria ler algo proveniente de sua
imaginação sobre o enorme sofrimento do presídio político cubano
durante o “Plano Camilo Cienfuegos”... Daria qualquer coisa para que lhe
perguntassem, quem foi Eduardo Capote? Não tem nem a menor idéia. Quem
não sabe que a este compatriota lhe cortaram vários dedos de uma mão de
um baionetaço?
Se
ela tivesse escrito celebrando a tentativa de voar Che Guevara em mil
pedaços durante sua visita às Nações Unidas, agora o surpreso com suas
declarações seria eu. Há uns rabiscos dela falando sobre a mochila que
seu filho levou à escola. A qual cubano que verdadeiramente deseja a
liberdade total de Cuba interessa isso? Evidentemente, talvez tenha
recebido um prêmio de algum grupo esquerdista por esse bravo escrito. E
para que ela aprenda: isso de “bravo escrito” é sim uma ironia.
“Que
se acabe o embargo em Cuba, que devolvam a Base Naval de Guantánamo”
são palavras de ordem fidelistas desde há mais de 50 anos. Meteram isso
na cabeça dos cubanos com um cinzel. E o de que libertem os cinco
espiões é uma ladainha constante na Ilha da qual ela faz eco, porque
isso é a única coisa que ela sabe fazer. Por que não tem a coragem de
pedir a liberdade de Eduardo Arocena, o líder de Omega 7? Ela é expert
em bobagens e em como estão caras as berinjelas em Guanabacoa.
E
que seja famosa, tampouco me alarma porque sei muito bem da forma em
que se criam os ídolos de barro, desde a época em que tornaram um cantor
norte-americano chamado Fabián famosíssimo, sem que ninguém o tivesse
escutado jamais entoar uma simples melodia.
Yoani
Sánchez é uma ignorante absoluta da luta desenvolvida pelos cubanos.
Asseguro-lhes que ela não pode dar cinco nomes de patriotas fuzilados no
El Escambray. Não sabe quem foram os três principais líderes da Brigada
2506. Eu lhe daria o “Prêmio Esteban”, acompanhado por 16 pesos
cubanos, se ela se atrevesse a escrever um artigo defendendo o Movimento
Nacionalista, e sobre as atividades de Guillermo Novo, de Horacio
Minguillón, Gaspar Jiménez, Virgilio Paz, Dionisio Suárez, Pedro Remón,
Héctor Fabián, Aldo Rosado.
Por
que ela não disse algo sobre a morte de Abon Lee, o valente militar que
pôs o cano em Camilo Cienfuegos por três vezes no Yaguajay? Por favor,
nem sabe quem foi esse valente chinês!
Eu
não me atrevo a considerá-la uma agente castrista, simplesmente
sustento que é uma representante dos que nos odeiam a nós, os
verdadeiros inimigos do regime opressor, que desejamos sua destruição
total. Quem não pede JUSTIÇA na hora da libertação, que se vá.
Por
que ela não dedica algumas horas em conversar com Tony de la Cova para
quando voltar possa escrever sobre o ataque ao Moncada? Agora quando for
a Miami deve visitar os escritórios de Alpha 66 para que veja - e possa
refletir a respeito - as paredes cheias de fotos de mártires da luta.
A
ver quantos prêmios lhe dão por três artigos sobre Yarey, sobre Vicente
Méndez e sobre Orlando Bosch. Eu lhes asseguro que se ela ler uma
coleção de meus escritos durante 45 anos, discordará mais de mim do que
de Raúl e Fidel Castro.
Ah,
e se alguém me quiser dizer que “ela vive lá e não aqui em liberdade”,
antes deve averiguar com os güineros [1] para se inteirar se quando eu
estava em Cuba me mantinha calado e submisso.
Yoani (parte 2)
Volto
a falar de Yoani Sánchez e este é meu último artigo a respeito sobre
ela. Não penso relegar meus ataque contra a tirania, nem ao comodismo,
para me dedicar a esta moça. Quase todas as reações a meu escrito
passado foram positivas, porém uns quantos pensam que eu não devia
criticá-la. E a estes segundos, respeitosamente, dedico-lhes estas
humildes linhas.
A
primeira coisa que desejo dizer aos que não estão de acordo comigo é
que: se minhas duas queridas filhas se atrevessem publicamente a pedir a
liberdade dos cinco espiões, eu lhes interromperia e reagiria da mesma
maneira que fiz com Yoani.
E
adoro a memória de meus pais, mas se eles ressuscitassem e dissessem
que consideravam que Gerardo Hernández e comparsas devem ser devolvidos a
Cuba, seria a primeira vez que lhes faltaria com o respeito e lhes
diria com descompostura: “Os senhores estão equivocados!”...
E
não detesto estes cinco tipos porque são espiões, senão por haver
custado as vidas de uns jovens patriotas, decentes, honestos e que
estavam somente conseguindo salvar compatriotas de perecer afogados no
mar. Creiam-me, que o mínimo que Yoani merece por suas opiniões
desatinadas é que os pais destes rapazes lhes puxem as orelhas ainda no
aeroporto de Miami por falta de respeito.
Alguém disse: “Quem é você para se atrever a criticar esta patriota?”.
E eu respondo: quem diabos é Yoani Sánchez para que não possa ser
tocada nem com a pétala de uma flor? Quem sou eu? Não sou nada do outro
mundo, simplesmente um humilde cubano que 20 anos antes de Yoani nascer
já estava publicamente defecando em Fidel Castro em qualquer esquina de
minha cidade, nas guaguas [2], no Instituto de onde fui expulso por não
aceitar a tirania e em todos os lugares.
Que
discordar dela divide o exílio e o povo cubano? Talvez, porém a maior
divisão que o desterro cubano sofreu em 54 anos é ela quem está
produzindo. Não há um só rincão do exílio cubano onde meus compatriotas
não estejam se envolvendo por culpa desta jovem. Uns a favor e outros
contra. A verdade é que este era um exílio cansado e calado até que esta
moça pôs um pé no exterior.
Sobre
a Base Naval de Guantánamo todo cubano que estudou nossa história - e
não foi doutrinado pelo regime -, sabe que os norte-americanos poderiam
perfeitamente bem apropriar-se da Ilha aproveitando as condições
espantosas em que se encontrava nossa Pátria, após o genocídio que
Valeriano Weyler impôs, e simplesmente acordaram pôr uma Base lá e pagar
mensalmente por ela. Finalmente, Guantánamo é o único território de
Cuba próspero, livre e limpo.
E
sobre o Embargo a Cuba, lhes direi que isso não foi mais que uma tímida
reação do governo norte-americano ante o roubo descarado de todas as
propriedades americanas em nosso país. O correto teria sido que nesse
instante invadissem Cuba e tirassem os ladrões a bombaços.
Yoani,
e 90 por cento de seus defensores, não eram nem nascidos quando Fidel
Castro em todas as tribunas do país lançava insultos aos
norte-americanos e gritava “Yankees go home”, zombava do Presidente
deste país, lançava-lhes a culpa injustamente pela explosão de La Coubre.
Com tudo isso, a realidade é que nesse momento os americanos
simpatizavam com ele e lhe teriam dado vilas e castelos - em vez de
fazer-lhe um embargo - se Fidel Castro os tivesse tratado decentemente.
E
certamente vocês sabem que se desaparecesse a desculpa do embargo, a
tirania encontraria qualquer outro bode expiatório. Portanto eu, ao
contrário de Yoani, o que peço é UM VERDADEIRO BLOQUEIO NAVAL onde não
entre nem saia nem um simples alfinete. E aquilo cai em dois meses.
Por
último, que Yoani é muito valente? OK. Porém, vocês sabem por quê?
Porque a tirania não lhe apertou o torniquete. Minhas heroínas são Olga
Marrero, Alicia del Busto, Cari Roque, Polita Grau, Iliana Curra, Nelly
Rojas, Ana Lázara Rodríguez, Agata Villarquide, Dora Delgado e centenas
de prisioneiras mais, que sofreram muitíssimo anos de verdadeiro
cautério, em condições infra-humanas, sem baixar as cabeças nem vacilar,
firmes, recebendo baionetaços, comendo pura bazófia. Estas são as que
sempre mereceram nossa homenagem.
Porém,
vivendo em um apartamento de luxo, cheio de computadores, de objetos
elétricos, de telefones portáteis e patente de corso para escrever
algumas obviedades e receber prêmios em dinheiro, não me produz nem a
mais leve admiração. Enquanto isso, um sapato velho da defunta Zoila
Aguila, a legendária Niña do Escambray, eu o depositaria em um museu da
causa cubana.
E colorim colorado, minhas opiniões sobre Yoani se acabaram.
Notas da tradutora:
[1] “Güinero”, natural de Güines.
[2]
“Guagua” é uma espécie de ônibus comprido, velho, que serve de
transporte urbano à população “a pé”, e que invariavelmente anda
super-lotado.
Comentário de um cubano:
"Pois me parece que os que defendem as declarações de Yoani ignoram uma realidade demasiado clara para qualquer pessoa não cegada pelas manipulações do governo Castrista.
O governo de Batista fazia o mesmo com os dedo-duros, os encarceravam por uns dias e depois os soltavam para ganhar a confiança dos opositores. Isto não é algo novo e todos os governos e até as agências governamentais o usam para infiltrar sua gente até nos grupos que facilitam a venda de drogas. Aqui o problema é que muitos ignoraram que nunca golpearam Yoani, nem lhe tiraram seus privilégios: computador, livros, linhas de internet, o trabalho do esposo, dinheiro abundante para suas compras especiais do último Windows. Nem sequer lhe hackearam para inutilizar seu computador. Isto, enquanto estas coisas não são livremente acessíveis ao cubano "a pé", muito menos a outros dissidentes.
Um governo que envia suas hordas para golpear mulheres que caminham em fila com gladíolos em protesto pacífico (as Damas de Branco), que as golpeia e encarcera por ter a "ousadia" de pedir a liberdade de presos-políticos? Uma sociedade que encarcera um americano como Gross, por levar equipamentos de computadores aos judeus na ilha. E a Yoani? Bem, obrigada!... Que tão inteligentes são os que a defendem como uma heroína contra a tirania socialista? Creio que se equivocam os que acreditam que podem convencê-los...
Para que perder tempo? Como os que saem por razões "políticas" e voltam de férias quando o governo não mudou e acreditam que não nos damos conta de que suas razões são meramente econômicas e continuam defendendo a revolução e "o comandante", e criticando o sistema "capitalista" do qual vivem.
Afirmam que existe um "bloqueio" porque não sabem a diferença entre um bloqueio e um "embargo", e ignoram que mais de 75% dos produtos alimentícios e dos medicamentos em Cuba saem dos USA...
Porém, em um país onde qualquer cidadão sem contatos no governo vive e come sob condições piores do que qualquer turista de classe média e lhe parece bem e normal, não pode esperar o respeito, que não ganhou, de qualquer ser humano que respeite a si mesmo".
Tradução: Graça Salgueiro
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