Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 21 de março de 2013

MINISTÉRIO DA DEFESA x COMANDOS DE FORÇAS

Na busca de informações sobre os assuntos momentosos relacionados às nossas FFAA, fomos surpreendidos com a publicação, num periódico de grande circulação nacional, de uma conceituação sobre a missão atribuída ao Ministério da Defesa que assim dizia: Manter as Forças Armadas disciplinadas ao comando civil, impedindo manifestações acima do tom contra a abertura de dados e investigações relativas ao período da ditadura.  Ora, ao verificarmos conceituações semelhantes relativas a outros países, tivemos a oportunidade de constatar a existência de denominadores comuns a uma grande maioria nos seguintes aspectos: .... preparar e executar a política de defesa nacional, bem como assegurar e fiscalizar a administração das Forças Armadas e dos demais órgãos, serviços e organismos neles integrados.
Definitivamente, em que pese a já surrada tentativa de desqualificar o texto publicado, há algo de profundamente grave em todo esse contexto. Com efeito, tudo está parecendo que as FFAA brasileiras são efetivamente tuteladas por um agente público que exerce, precipuamente, a missão de amordaçamento das lideranças militares para que elas se mantenham submissas e silenciosas. Se esse agente público é moralmente qualificado ou que tenha força para este fim não podemos afirmar, mas seguramente tem a aceitação tácita dos Comandos de Força para que isso seja observado e cumprido, quando essa não é a missão de um Ministério da Defesa.  A prova disso é aquilo que temos observado nas atitudes dos Comandos, numa inexplicável apatia doentia diante de fatos que atingem os valores que são caros às FFAA, uma indiferença ou mesmo ausência total de defender os interesses da Família Militar, uma preocupação constante em calar os inativos em suas legítimas reivindicações, enfim, essas e tantas outras que formam um conjunto de fatos sobre os quais insistimos em encontrar uma explicação.  
Em passado recente tivemos o desgosto de ouvir de um oficial general dizer que “deveríamos ficar calados, pois nós perdemos a contra revolução”. Na oportunidade tive dificuldades para me recuperar da perplexidade do que ouvira, mas entendi que ali estava a explicação para muitas das questões que eram levantadas e que tínhamos dúvidas se eram ou não pertinentes de serem encaradas.
Palavras desse tope dirigidas a um inativo pareceu-me ser uma inequívoca demonstração de que os militares em atividade nos dias de hoje não se sentem comprometidos com o que aconteceu em nosso passado, em especial com a nossa participação na contra revolução de 1964. Salvo melhor juízo, trata-se de um gesto próprio de um “PILATOS”, de quem está alheio e indiferente com a sorte dos inativos. O interessante nisso tudo é ver que, em momento algum, esses senhores se deram conta de que amanhã eles serão o que hoje somos isso se para aqui vierem com vida.
Pusilanimidade seria a palavra mais adequada para justificar essas atitudes surpreendentes que não cessam de nos afrontar em nosso dia a dia. Poderíamos divagar para outras adjetivações que poderiam abranger interesses subalternos que não seríamos levianos de afirmar. Mas o fato é que o principal de tudo é esse descomprometimento ostensivo com o passado, quando militares, cumprindo ordens, tombaram na luta contra a subversão. Ignorar isso é de uma ignomínia sem paralelo, e lavar as mãos para isso é ainda muito mais aviltante em termos morais e éticos, além de ser uma falha clamorosa em termos de liderança militar.
Para os que comungam da frase pronunciada pelo oficial general acima referida, não fomos nós, os inativos de hoje, que fomos derrotados pela contra revolução de 1964, e sim os militares de hoje que não souberam preservá-la e honrá-la; faltou espírito de liderança e coragem para defender princípios que custaram a vida de muitos dos nossos. Que DEUS, em sua infinita misericórdia, se apiede desses maus militares brasileiros que não souberam respeitar suas fardas e sua pátria, aquiescendo e tornando-se coniventes com a trajetória rumo ao abismo socioeconômico e político a que estamos sendo conduzidos pelos “chamados vitoriosos” de ontem. Waldemar da Mouta Campello Filho Capitão de Mar-e-Guerra Presidente da CONFAMIL Coordenador do Sistema CONFAMIL.

0 comments:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More