Na
busca de informações sobre os assuntos momentosos relacionados às
nossas FFAA, fomos surpreendidos com a publicação, num periódico de
grande circulação nacional, de uma conceituação sobre a missão atribuída
ao Ministério da Defesa que assim dizia: Manter as Forças Armadas
disciplinadas ao comando civil, impedindo manifestações acima do tom
contra a abertura de dados e investigações relativas ao período da
ditadura. Ora, ao verificarmos conceituações
semelhantes relativas a outros países, tivemos a oportunidade de
constatar a existência de denominadores comuns a uma grande maioria nos
seguintes aspectos: .... preparar e executar a política de defesa
nacional, bem como assegurar e fiscalizar a administração das Forças
Armadas e dos demais órgãos, serviços e organismos neles integrados.
Definitivamente,
em que pese a já surrada tentativa de desqualificar o texto publicado,
há algo de profundamente grave em todo esse contexto. Com efeito, tudo
está parecendo que as FFAA brasileiras são efetivamente tuteladas por um
agente público que exerce, precipuamente, a missão de amordaçamento das
lideranças militares para que elas se mantenham submissas e
silenciosas. Se esse agente público é moralmente qualificado ou que
tenha força para este fim não podemos afirmar, mas seguramente tem a
aceitação tácita dos Comandos de Força para que isso seja observado e
cumprido, quando essa não é a missão de um Ministério da Defesa. A
prova disso é aquilo que temos observado nas atitudes dos Comandos,
numa inexplicável apatia doentia diante de fatos que atingem os valores
que são caros às FFAA, uma indiferença ou mesmo ausência total de
defender os interesses da Família Militar, uma preocupação constante em
calar os inativos em suas legítimas reivindicações, enfim, essas e
tantas outras que formam um conjunto de fatos sobre os quais insistimos
em encontrar uma explicação.
Em passado recente tivemos o desgosto de ouvir de um oficial general dizer que “deveríamos ficar calados, pois nós perdemos a contra revolução”. Na
oportunidade tive dificuldades para me recuperar da perplexidade do que
ouvira, mas entendi que ali estava a explicação para muitas das
questões que eram levantadas e que tínhamos dúvidas se eram ou não
pertinentes de serem encaradas.
Palavras
desse tope dirigidas a um inativo pareceu-me ser uma inequívoca
demonstração de que os militares em atividade nos dias de hoje não se
sentem comprometidos com o que aconteceu em nosso passado, em especial
com a nossa participação na contra revolução de 1964. Salvo melhor
juízo, trata-se de um gesto próprio de um “PILATOS”, de quem está alheio
e indiferente com a sorte dos inativos. O interessante nisso tudo é ver
que, em momento algum, esses senhores se deram conta de que amanhã eles
serão o que hoje somos isso se para aqui vierem com vida.
Pusilanimidade
seria a palavra mais adequada para justificar essas atitudes
surpreendentes que não cessam de nos afrontar em nosso dia a dia.
Poderíamos divagar para outras adjetivações que poderiam abranger
interesses subalternos que não seríamos levianos de afirmar. Mas o fato é
que o principal de tudo é esse descomprometimento ostensivo com o
passado, quando militares, cumprindo ordens, tombaram na luta contra a
subversão. Ignorar isso é de uma ignomínia sem paralelo, e lavar as mãos
para isso é ainda muito mais aviltante em termos morais e éticos, além
de ser uma falha clamorosa em termos de liderança militar.
Para
os que comungam da frase pronunciada pelo oficial general acima
referida, não fomos nós, os inativos de hoje, que fomos derrotados pela
contra revolução de 1964, e sim os militares de hoje que não souberam
preservá-la e honrá-la; faltou espírito de liderança e coragem para
defender princípios que custaram a vida de muitos dos nossos. Que DEUS,
em sua infinita misericórdia, se apiede desses maus militares
brasileiros que não souberam respeitar suas fardas e sua pátria,
aquiescendo e tornando-se coniventes com a trajetória rumo ao abismo
socioeconômico e político a que estamos sendo conduzidos pelos “chamados
vitoriosos” de ontem. Waldemar da Mouta Campello Filho Capitão de
Mar-e-Guerra Presidente da CONFAMIL Coordenador do Sistema CONFAMIL.
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