Guilherme Fiuza - Revista Época -
Está confirmado: o julgamento do
mensalão não teve a menor importância para o Brasil. Não se sabe ainda
quando os condenados serão presos, se forem. Mas isso também não
importa. Importa é que o esquema deu certo. O grupo político que
organizou o maior assalto da história aos cofres públicos - ninguém
jamais ousara criar um duto permanente entre o dinheiro do Estado e um
partido político - vai muito bem, obrigado. Aprovado em duas eleições
presidenciais, parte para a terceira como favorito. E os últimos atos da
presidente da República mostram sua desinibição para reger o esquema
parasitário.
Dilma Rousseff anunciou uma reforma ministerial. Assunto delicado. Como se sabe, a presidente passou todo o seu primeiro ano de governo tentando segurar nos cargos o exército de ministros podres que nomeou. Em muitos casos, não foi possível.
Dilma Rousseff anunciou uma reforma ministerial. Assunto delicado. Como se sabe, a presidente passou todo o seu primeiro ano de governo tentando segurar nos cargos o exército de ministros podres que nomeou. Em muitos casos, não foi possível.
A avalanche de denúncias
publicada pela imprensa burguesa, que não deixa o governo popular sugar o
país em paz, foi irresistível. Mas a opinião pública brasileira é tão
lunática que esse vexame - ter de cortar cabeças em série, todas
recém-nomeadas - passou ao senso comum como a "faxina ética" da
presidente. O Brasil gosta é de novela - e resolveu acreditar nesse
enredo tosco da mãe coragem que toma conta da casa.
Dilma, Lula e sua turma exultaram com o cheque em branco que receberam da nação. Ao longo de dez anos no poder, o tráfico de influência para edificar a República do fisiologismo foi flagrado em todo o Estado-maior petista: de Valdomiro a Dirceu, de Erenice a Rosemary, de Palocci a Pimentel, dos aloprados aos mensaleiros, dos transportes ao turismo, da agricultura ao trabalho. A tecnologia da sucção do Estado pelos revolucionários progressistas foi esfregada diversas vezes na cara do eleitorado, que continuou aprovando sorridente o truque. E por isso que agora, nos conchavos para a tal reforma ministerial, Dilma não faz a menor cerimônia para chamar os fantasmas para dançar.
Dilma, Lula e sua turma exultaram com o cheque em branco que receberam da nação. Ao longo de dez anos no poder, o tráfico de influência para edificar a República do fisiologismo foi flagrado em todo o Estado-maior petista: de Valdomiro a Dirceu, de Erenice a Rosemary, de Palocci a Pimentel, dos aloprados aos mensaleiros, dos transportes ao turismo, da agricultura ao trabalho. A tecnologia da sucção do Estado pelos revolucionários progressistas foi esfregada diversas vezes na cara do eleitorado, que continuou aprovando sorridente o truque. E por isso que agora, nos conchavos para a tal reforma ministerial, Dilma não faz a menor cerimônia para chamar os fantasmas para dançar.
Entre os principais
interlocutores da presidente para decidir quem abocanhará o quê, estão
figuras inesquecíveis como o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi. O
sujeito que tentou ficar no cargo na marra, que disse que só saía
debaixo de tiro, após uma floresta de irregularidades apontadas na sua
gestão — incluindo passeio em avião de dono de ONG beneficiada por seu
ministério está aí de novo, dando as cartas no primeiro escalão à luz do
dia. O brasileiro é mesmo um generoso.
Quem mais apareceu decidindo com Dilma o futuro de seu ministério? Alfredo Nascimento, o ex-ministro dos Transportes demitido na "faxina", falando grosso de novo para resolver quem ficará com uma das pastas mais endinheiradas do governo. E atenção: esses encontros não são secretos. Faxineira e faxinados mostram para quem quiser ver que continuam jogando no mesmo time, sem arranhar o mito da gerentona ética. Magia pura.
Quem mais apareceu decidindo com Dilma o futuro de seu ministério? Alfredo Nascimento, o ex-ministro dos Transportes demitido na "faxina", falando grosso de novo para resolver quem ficará com uma das pastas mais endinheiradas do governo. E atenção: esses encontros não são secretos. Faxineira e faxinados mostram para quem quiser ver que continuam jogando no mesmo time, sem arranhar o mito da gerentona ética. Magia pura.
Nessa conversa houve um
desentendimento inicial. Dilma queria que assumisse o Ministério dos
Transportes o senador Blairo Maggi, citado por réus do escândalo
Cachoeira-Delta. Se o Brasil não lembra de nada, por ela tudo bem. Quem
vetou foi o próprio Nascimento. A escolha de Dilma não passou no filtro
do ministro demitido por ela. Isso é que é faxina bem feita.
Já que o Brasil não liga para
essas coisas, nem para a gastança pública que fermenta a inflação, Dilma
achou que era hora de criar mais um ministério. Contando ninguém
acredita. Vem aí a pasta da Micro e Pequena Empresa, para acomodar mais
um companheiro e premiar o partido criado por Gilberto Kassab para
aderir à indústria política do oprimido.
Evidentemente, os brasileiros não
se importarão que o novo ministério, com dezenas de novos cargos
custando mais alguns milhões de reais ao Tesouro, tenha funções já
cobertas pelo Ministério do Desenvolvimento. Faz sentido. O ministro do
Desenvolvimento é Fernando Pimentel, amigo de Dilma que faturou R$ 2
milhões com consultorias invisíveis e permaneceu no cargo agarrado à
saia da madrinha. Para ter um ministro café com leite, que precisa ficar
escondido, melhor mesmo criar um ministério novinho em folha para fazer
o que ele não faz.
Eis o triunfo da doutrina do mensalão: para cada Dirceu preso, sempre haverá uma Dilma livre, leve e solta.
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