Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 26 de março de 2013

Obama x Israel

O apaziguamento do Irã demonstra que as políticas de Obama estimulam uma fantasia de paz contra a realidade nuclear.
Um mito criado por Stalin em 1941 perdura até hoje: o de que o antissemitismo é de ‘direita’. Esta mentira inventada apenas depois da invasão da Rússia por Hitler – até então eram aliados inseparáveis desde 1922 (Tratado de Rapallo, reforçado pelo Pacto Ribbentrop-Molotov) – foi necessário inventar uma oposição anteriormente inexistente. Após a abertura dos Arquivos de Moscou por Yeltsin, novamente fechados por Putin, sabe-se que a aliança incluía o armamento e treinamento das tropas do Reichswehr pelo Exército Vermelho, e também pela instalação das indústrias de armas química alemãs na URSS (1).
Sabe-se também que a II Guerra Mundial foi uma invenção de Stalin que colocava Hitler como ponta de lança para a destruição das democracias ocidentais (2). Iniciava-se pela nova divisão da Polônia além de um pacto secreto de troca de agentes não confiáveis. A surpresa pela súbita virada em 1941 desnorteou momentaneamente os comunistas de todo o mundo. Caso típico é o dos comunistas americanos: até então recebiam instruções de Moscou para serem contra a guerra. Entre suas associações de fachada despontavam a American Peace Mobilization e a American People’s Organization. Conta Henry Winston da Liga dos Jovens Comunistas que quando a mudança radical das palavras de ordem chegou a maioria se encontrava em piquetes pelo país contra a ‘guerra imperialista’, principalmente frente à Casa Branca há impressionantes 1.029 horas gritando ‘deixem nossos barcos de guerra em casa’, ‘não à guerra imperialista anglo-francesa’, etc. Subitamente veio a palavra de ordem e todos debandaram. No outro dia todos marchavam a favor da “Guerra contra a Pátria do Socialismo!” (3).
O Ocidente encarou Hitler como um perigo maior (4), descurando totalmente o Terror Comunista (5) e, pior ainda, armando a URSS até os dentes, dando condições para transformar a então futura paz na chamada Guerra fria contra um inimigo muito pior, para o mundo em geral. Mas não, corretamente, para os judeus. Para Hitler o eventual domínio da Europa e do mundo era secundário à sua paranoia antissemita. Sua política racial, de extermínio das raças não-‘arianas’, estava acima de suas projeções geopolíticas.
Perguntaram-me por que eu fico falando do passado, da submissão de Roosevelt a Stalin. Respondo: porque a humanidade não aprende com a experiência histórica e fica aprisionada no esquema de Hegel: a história se repete. O mito do antissemitismo ‘de direita’ e a visão dos comunistas como salvadores tornou-se uma crença disseminada entre os judeus, como se pode ver neste mesmo jornal (Visão Judaica, última edição impressa, p. 14) o relato, aparentemente surpreendente, da descoberta de um antissemita ‘de esquerda’ na Alemanha: Jakob Augstein, um dos proprietários do Der Spiegel. A crença neste mito tem levado uma grande maioria de judeus americanos a votar sistematicamente nos inimigos de Israel.

Na mesma página, no entanto está o excelente artigo de Daniel Pipes O Antissionismo de Obama. Obama tem aparentemente empregado as mesmas políticas de apaziguamento e contenção em relação ao Islã, mas contrariamente a Roosevelt e Carter, não é um idiota útil nem um ‘companheiro de viagem’: há inúmeras evidências de que Obama é realmente muçulmano! Por isto Hegel estava certo e Marx não: a história se repete não como farsa, pois o que pode ocorrer brevemente é uma tragédia muito pior do que a outra. Além do presente para o Egito de armas de última geração, a nomeação do trio Kerry, Hegel e Brennan (6) indicam uma mudança radical das relações com Israel.

Em seu segundo mandato, sem amarras para alguma reeleição, Obama vai mostrar quem realmente é. Joseph Klein (7) aponta que ‘Obama finalmente decidiu-se a visitar Israel a partir do próximo dia 20 e passará várias horas confabulando com Mahmoud Abbas em Ramallah’, o mesmo que acusou lideranças sionistas de ligação com nazistas, acusando-as de uma atitude que mesmo em piada seria abominável: teriam pedido aos nazistas para matar judeus de modo que eles tivessem poder para reivindicar e estabelecer o Estado de Israel (Visão Judaica, mesma edição citada). “Pode-se esperar que Obama renove vigorosamente seu pedido para que Israel retire-se para as fronteiras pré-1967 (...) e aceitar que Jerusalém Oriental seja a capital no novo Estado Palestino. (Sintomaticamente) não pedirá aos palestinos que renunciem ao assim chamado ‘direito de retorno’ que potencialmente levaria milhões de ‘refugiados’ para viver dentro das fronteiras pré-67 e, efetivamente, destruir sua identidade judaica.”
Com os resultados das últimas eleições, Netanyahu enfraqueceu seu poder, inclusive tendo que negociar com Tzipi Livni e Yair Lapid, defensores das negociações ‘dos dois Estados’, uma impossibilidade, pois a outra parte não quer saber de paz nenhuma.
O apaziguamento do Irã demonstra que as políticas de Obama estimulam uma fantasia de paz contra a realidade nuclear. Tanto o Hezbollah como a Quds Force recebem suas ordens de Teerã. Sua relação com o Irã é o de uma sociedade na qual o último é o sócio sênior, e a eles cabe prover a infantaria necessária para a realização do ideal iraniano do Império Global Islâmico. O fundador do Hezbollah, Hassan Nasrallah, diz que a organização foi fundada para chegar à Grande República Islâmica governada pelo Mestre do Tempo (o Mahdi) e seu vice, o Imã do Irã.
Por isto insisto: a retomada da Judéia e Samaria por Israel é a única medida que pode ser respeitada pela hipócrita ‘comunidade internacional’: o fait accompli!

(Este artigo foi enviado para a redação do jornal Visão Judaica antes da chegada de Obama a Israel, que será analisada oportunamente.)


Notas:

1 - The Red Army and the Wehrmacht: How the Soviets Militarized Germany, 1922-33, and Paved the Way for Fascism, de Tatyana Bushuyeva & Yuri Dyakov.
2 - Bloodlands: Europe between Hitler and Stalin, de Timothy Snider.
3 - Dupes: How America´s Adversaries Have Manipulated Progressives for a Century, de Paul Kengor. Ver também School of Darkness, de Bella V. Dodd. Para a repercussão dentro do Partido Comunista Alemão ver a autobiografia de Hermann Krebs (sob o pseudônimo de Jan Valtin), From the Bottom of the Night.
4 - Roosevelt reconheceu diplomaticamente a URSS já em 1933. Churchill, um anticomunista convicto, apoiou-o porquê ‘a geopolítica é mais importante do que a ideologia’, ver Russia, the Soviet Union and the United States de John Lewis Gaddis, e do mesmo autor We Now Know: Rethinking Cold War History.
5 - Ver http://www.midiasemmascara.org/arquivos/5975-o-terror-comunista-i.htmlhttp://www.midiasemmascara.org/arquivos/5985-o-terror-comunista-%E2%80%93-final.html, e o também já citado na nota 2.
6 - Este ultimo não jurou sobre a Bíblia e o fez sobre o primeiro rascunho da Constituição, que não inclui as Emendas do Bill of Rights. Ver em http://cowboybyte.com/19745/cia-director-sworn-in-sans-bible-and-bill-of-rights/
7 - Obama to Demand Israel Withdrawal Judea & Samaria?

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