A Primavera Brasileira
P Chagas -
Caros amigos
Pesquisando
sobre a chamada “Primavera Árabe”, movimento em busca da democracia nos
países islâmicos do norte da África e do Oriente Médio, deparei-me com o
conhecimento de que a ONU estabeleceu o direito à democracia como
fundamento da autodeterminação dos povos e dos princípios da Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
Para a ONU, a
democracia é baseada na liberdade de manifestação e de escolha dos
indivíduos, ou seja, ela encontra sustentação na ideia de que os
indivíduos têm o direito de determinar seus sistemas políticos,
econômicos, culturais e sociais.
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Para isto, entende como essenciais as liberdades
de expressão, de pensamento, de consciência, de religião, de associação,
de assembleia, de obter informações e de imprensa.
Por
outro lado, a democracia somente estará apta a se desenvolver em um
Estado em que o Executivo se submeta às leis e que o Judiciário seja
independente e imparcial, supondo, obviamente, que o Legislativo cumpra
as leis que ele próprio cria como necessárias ao harmônico convívio
social, à garantia dos direitos e à imposição dos deveres de todos.
A
democracia é, assim, um direito legítimo a ser conquistado e preservado
por todas as nações, particularmente pelas oprimidas por facções e
líderes inescrupulosos que as mantém, ou pretendem manter, absurdamente,
submetidas pela desinformação em plena era da informação!
A
Primavera Árabe é, segundo pude constatar, um movimento democrático
consequente da facilidade de acesso ao conhecimento, devido aos novos
meios de comunicação, em especial, a internet.
A
informação, em nossos dias, tem sido, portanto, o pesadelo dos regimes
totalitários, pois lhes retira o controle sobre a sociedade. Causa-lhes
calafrios a capacidade esclarecedora e de mobilização dos meios de
comunicação.
A preservação e a construção de
Estados democráticos passa por todas as liberdades entendidas e citadas
pela ONU, daí a obstinada busca dos governos corruptos pelo controle das
mídias e o esforço do modelo cubano para manter a “peçonha” do acesso à
rede mundial de computadores longe de suas praias.
É
por isto que a democracia só encontra respaldo em países onde haja
eleições livres e a possibilidade, além do direito, de que qualquer
cidadão seja candidato a cargos eletivos e só se torna efetiva quando as
instituições governamentais são transparentes e se submetem ao controle
eficiente das suas atividades.
Ao analisar
estas afirmações, comentários, direitos e princípios, constatamos que,
no Brasil, estamos nos distanciando deste ideal democrático, haja vista a
compra de votos ou a sua troca por empregos e emolas públicas,
descaracterizando a liberdade de escolha; a condição plutocrática
imposta a quem quiser candidatar-se a cargo eletivo, o que pressupõe ter
recursos ou, no mínimo, comprometer-se a, no poder, devolvê-los na
forma de favorecimentos ilícitos; e a evidência de que os governantes e
as mais importantes instituições republicanas estão desligadas do
interesse público, do cumprimento da lei, da garantia dos direitos
constitucionais do cidadão de bem e, principalmente, da transparência em
suas ações, abominando e desqualificando qualquer tipo de controle
externo das suas atividades, inclusive da imprensa, fazendo com que a
gestão fraudulenta da coisa pública perca a característica de crime para
tornar-se uma pré-condição da governabilidade.
A continuar assim, mais cedo ou mais tarde, teremos que promover a nossa própria “primavera”!
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