editorial da Folha de São Paulo
Segundo informações divulgadas pelo IBGE na sexta-feira (15), o
rendimento médio do trabalho começou a cair em outubro -baixa de 1%. O
número de pessoas empregadas diminuiu 0,3%.
Dada a degradação da economia, a piora ainda não é expressiva, mas não
há motivo para acreditar que a situação não se tenha agravado desde
então.
A combinação de menos empregos e menor renda produziu a primeira queda
significativa do total de rendimentos desde que se dispõe da informação
em âmbito nacional, 2012. As vendas do comércio, porém, já vinham
encolhendo.
Até novembro do ano passado, o varejo vendera 4% menos que em 2014. Se
considerados também o comércio de veículos e de material de construção, a
queda vai a 8,4%.
O desemprego nacional passou de 6,6% para 9% em um ano, alta devida mais
ao aumento do número de pessoas que voltaram ao mercado de trabalho do
que às demissões. O excesso de mão de obra disponível deve
contribuir para redução ainda maior do salário médio.
contribuir para redução ainda maior do salário médio.
O ceticismo generalizado entre empresários e consumidores, os maus
prognósticos para salários e comércio, a inoperância do governo e a
perspectiva de crise política contínua eram bastantes para angustiar os
cidadãos.
Novos tumultos internacionais, todavia, tornam o quadro mais sombrio.
Renovadas dúvidas sobre o grau de redução do ritmo da economia chinesa
são um dos fatores principais da tensão, que provoca onda de descrédito
em relação aos emergentes. Dada a instabilidade doméstica, o Brasil se
vê atingido com intensidade maior -aumentou muito a percepção de que é
arriscado investir aqui.
Como se fosse pouco, a turbulência na China ainda contribui para
derrubar os preços do petróleo, deprimido pelo excesso de oferta.
O barateamento da energia seria benéfico se não fosse o estado ruinoso
da Petrobras, que se desfaz de patrimônio e corta investimentos a fim de
continuar respirando.
Dadas a importância da empresa, seu tamanho e o fato de o governo ser na
prática o garantidor de suas finanças, a derrubada de preços do
petróleo prejudica ainda mais o crédito do Brasil, encarecendo o custo
dos
empréstimos internacionais e afetando o valor do real.
empréstimos internacionais e afetando o valor do real.
Além da deterioração objetiva das condições financeiras, a confiança é
ainda mais abatida. O governo da presidente Dilma Rousseff (PT),
diminuído pela penúria de recursos políticos, econômicos,
administrativos e intelectuais, permanece letárgico, outra vez adepto de
medidas pontuais, incapaz de reagir à gravidade da situação.
extraídaderota2014blogspot
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