editorial de O Globo
FMI
responsabiliza os dois países pela recessão nos indicadores da América
Latina, e assim une chavismo e lulopetismo, ideologias aparentadas
Com sólidos motivos, o Brasil se firma, na América Latina, como um dos
casos mais graves na onda de desaceleração econômica que atinge a
região. Dado o tamanho do país, a média da evolução do PIB do continente
é negativa: de acordo com o Fundo Monetário Internacional, há uma
retração prevista para este ano de 0,3%, idêntica à verificada em 2015.
Os 3,5% negativos do Brasil em 2015 e a repetição de dose semelhante
neste ano são muito responsáveis pelo mau desempenho.
Além do Brasil, contribui para o resultado negativo latino-americano a
Venezuela, pela exuberância de sua recessão: de 10% no ano passado, e 8%
em 2016. Se os dois países forem retirados dos cálculos, o continente
não aparece em recessão. Cai a média do crescimento, mas ele não fica
negativo.
Realiza-se, então, por ironia, o sonho de bolivarianos que trabalham em
Brasília: Venezuela e Brasil, enfim, juntos. Como exemplos a não serem
seguidos. Juntos num desastre econômico, político e com impiedosos
reflexos sociais. É certo que há diferenças marcantes entre os dois
países, e a favor do Brasil. A principal delas a solidez das
instituições republicanas. Estas foram destroçadas pelo chavismo
bolivariano. Haja vista a enorme crise político-institucional em que se
encontra a Venezuela de Nicólas Maduro, ungido pelo próprio Hugo Chávez
seu sucessor: o governo se recusa a aceitar a vitória da aliança
oposicionista nas eleições parlamentares, e para isso usa os aparelhos
chavistas que foram instalados no Judiciário e em todo o Estado.
O aparelhamento do setor público, incluindo estatais, é lição da
cartilha chavista de tomada do poder sob um simulacro de democracia. O
lulopetismo tentou aplicar a mesma tática no Brasil, mas foi em parte
frustrado pelas instituições.
A Petrobras é o mais dramático exemplo deste aparelhamento. Executado,
inclusive, com funcionários de carreira cooptados. Saqueada para
sustentar o projeto de poder lulopetista e de aliados, e usada para
projetos megalomaníacos no estilo do “Brasil Grande” da ditadura
militar, a estatal passa pela maior crise de sua história.
A Operação Lava-Jato, de combate ao esquema de corrupção montado na
estatal, mas não só nela, em que atuam o Ministério Público, a Polícia
Federal e a Justiça, não aconteceria na Venezuela.
Outra diferença é que Chávez, vitorioso nas eleições de 1999, aproveitou
a popularidade e conseguiu convocar uma Constituinte, pela qual moldou
um Estado autoritário, com um regime de democracia direta populista, a
base da tragédia política venezuelana. Já no Brasil as instituições
barram toda vez que lulopetistas tentam avançar com o Cavalo de Troia
das “Constituintes exclusivas". O mesmo ocorre quando tentam controlar a
imprensa profissional. Sorte do Brasil.
Mas os dois países, sob o chavismo e o lulopetismo, comungam ações
intervencionistas na economia. E por isso dividem a responsabilidade em
jogar a América Latina na recessão.
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT
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