Jornalista Andrade Junior

domingo, 31 de janeiro de 2016

"Vândalos impunes",

 editorial da Folha de São Paulo

Quase 24 meses de investigação, mais de 300 testemunhas ouvidas, nenhum adepto da tática "black bloc" indiciado. Com o saldo do principal inquérito para apurar o vandalismo nas manifestações de rua iniciadas em 2013, a Polícia Civil de São Paulo deve ter quebrado algum recorde de ineficiência.
O fiasco inquisitivo se consumou em setembro, mas só veio a público agora. Não se obteve o suficiente para responsabilizar as cerca de 50 pessoas suspeitas de se organizarem para praticar arruaça e depredação, durante ou logo após protestos contra a alta de tarifas de transporte urbano.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, há não mais que sete processos, resultantes de outras iniciativas, contra acusados de envolvimento nas ações.
Como o Movimento Passe Livre (MPL) voltou às ruas, com as previsíveis escaramuças entre "black blocs" e polícia, eis aí uma péssima notícia. Confirma-se a impunidade dos vândalos e a impotência do poder público diante de ativistas movidos, muitas vezes, por um mero impulso infantil de provocação.
Quem duvida que assista ao vídeo dos jovens raivosos do MPL a dar tapas nos carros de autoridades quando o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) saíam de missa de comemoração dos 462 anos da cidade de São Paulo.
A Polícia Militar não pode deixar de conter tais excessos, em especial quando está em risco a integridade física de pessoas e o patrimônio público e privado. Mas não tem carta branca para bater a torto e a direito, em desatinos de violência que também atingem quem nada tem a ver com o vandalismo.
Reconheça-se que não é trivial controlar arruaceiros no transcurso do protesto violento, assim como não é fácil individualizar a culpa dos ilícitos cometidos à vista de todos nem obter as provas para instruir um processo que redunde na sua necessária condenação.
Mas as polícias paulistas ainda não demonstram competência técnica para atuar com eficácia tanto na repressão quanto na investigação. Numa ponta, só sabem recorrer a cacetadas, bombas e balas de borracha; na outra, limitam-se a produzir montanhas de papel.
O que não se vê, em ambos os casos, é inteligência, em todos os sentidos da palavra. Não basta fotografar mascarados –é preciso monitorar sua atividade antes, durante e após os atos de rua, para antecipar seus movimentos e comprovar sua atividade criminosa.
No mais, soam risíveis as acusações de que o poder público estaria criminalizando os movimentos sociais. São os "black blocs" que criminalizam os protestos, sob a vista grossa do MPL.
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT

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