Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

"Dois elefantes",

por Julianna Sofia Folha de São Paulo

A perplexidade causada pela desorientação do Banco Central na definição do rumo da política de juros levará tempo para se dissipar e a reviravolta de última hora marcará a história da instituição como uma retumbante bola fora.
Divulgar uma nota na véspera da decisão sinalizando que não mais aumentaria os juros em 0,50 ponto percentual, como fez crer nas semanas anteriores, não foi mero erro de comunicação ou de timing.
Tornou-se prova cabal de servilismo ao Planalto –até, talvez, por falta de convicção sobre como lidar com a inflação que galopa em meio a uma política econômica errática.
O presidente Alexandre Tombini nunca conseguiu entregar a inflação no centro da meta: imperícia.
Agora suas palavras serão sempre motivo de dúvida e suspeita. E o mercado cobrará um preço por isso. De desacreditado, anódino, Tombini virou um incômodo. Incômodo semelhante ao causado pela presença de Nelson Barbosa na Fazenda desde o final de 2015.
O mesmo Barbosa, que se lambuzou com a Nova Matriz Econômica, agora faz malabarismos para convencer investidores em Davos que alcançará o ajuste fiscal prometido – basta aprovar a CPMF!– e que a retomada da atividade virá no segundo semestre. Sem heterodoxia.
A ver o que será anunciado na reinauguração do Conselhão nesta semana, quando o governo revelará "novas" diretrizes econômicas.
Espera-se que não sejam só propostas recicladas e pontuais de aumento de crédito via bancos públicos (quem quer tomar crédito?) e medidas vagas sobre melhoria do ambiente de negócios. Mais: qualquer iniciativa de reforma previdenciária e trabalhista que passe pela criação de grupo de debate será engodo. Num cenário de desalento generalizado com o porvir, ninguém engolirá isso.
Aliás, não custa avisar a presidente Dilma Rousseff: dois elefantes incomodam muito mais.
extraídaderota2014blogspot

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