por Julianna Sofia Folha de São Paulo
A perplexidade causada pela desorientação do Banco Central na definição
do rumo da política de juros levará tempo para se dissipar e a
reviravolta de última hora marcará a história da instituição como uma
retumbante bola fora.
Divulgar uma nota na véspera da decisão sinalizando que não mais
aumentaria os juros em 0,50 ponto percentual, como fez crer nas semanas
anteriores, não foi mero erro de comunicação ou de timing.
Tornou-se prova cabal de servilismo ao Planalto –até, talvez, por falta
de convicção sobre como lidar com a inflação que galopa em meio a uma
política econômica errática.
O presidente Alexandre Tombini nunca conseguiu entregar a inflação no centro da meta: imperícia.
Agora suas palavras serão sempre motivo de dúvida e suspeita. E o
mercado cobrará um preço por isso. De desacreditado, anódino, Tombini
virou um incômodo. Incômodo semelhante ao causado pela presença de
Nelson Barbosa na Fazenda desde o final de 2015.
O mesmo Barbosa, que se lambuzou com a Nova Matriz Econômica, agora faz
malabarismos para convencer investidores em Davos que alcançará o ajuste
fiscal prometido – basta aprovar a CPMF!– e que a retomada da atividade
virá no segundo semestre. Sem heterodoxia.
A ver o que será anunciado na reinauguração do Conselhão nesta semana, quando o governo revelará "novas" diretrizes econômicas.
Espera-se que não sejam só propostas recicladas e pontuais de aumento de
crédito via bancos públicos (quem quer tomar crédito?) e medidas vagas
sobre melhoria do ambiente de negócios. Mais: qualquer iniciativa de
reforma previdenciária e trabalhista que passe pela criação de grupo de
debate será engodo. Num cenário de desalento generalizado com o porvir,
ninguém engolirá isso.
Aliás, não custa avisar a presidente Dilma Rousseff: dois elefantes incomodam muito mais.
extraídaderota2014blogspot
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