por Vinicius Torres Freire Folha de São Paulo
DESDE QUE Dilma Rousseff assumiu o governo, o crescimento da renda per
capita no Brasil foi ZERO. No Paraguai, de 18%. No rico Chile, 14,5%. Na
tumultuada Argentina, 9%.
Na região, o México é a economia de tamanho mais remotamente comparável à
do Brasil, além de dividir conosco a penúltima colocação do campeonato
do crescimento latino-americano desde 1990. Pois bem. A partir de 2011, o
crescimento mexicano foi de 7%.
Quem é o lanterna da América Latina no último quarto de século, entre as
economias relevantes? Sim, é ela, Miss Venezuela, onde o PIB per capita
não difere muito do que era em 1990 (o chavismo não é o único motivo do
desastre, pois).
É possível dourar a pílula do Brasil. Desconte-se o ano da desgraça de
2015, que o dilmismo considera arrebentado pela Lava Jato, pela China e
pelo Sobrenatural de Almeida. De 2011 a 2014, o PIB por pessoa do Brasil
cresceu 4,7%. No Paraguai, na Bolívia, na Colômbia, no Peru e no
Uruguai, uns 17%. No Chile, 13,5%.
Os números foram calculados com base em estatísticas da Cepal (os dados de 2015 são estimativas, mas devem mudar muito pouco).
Qual o motivo de outra vez vir com a numeralha comparada? Na semana que
passou, a presidente aproveitou a reaparição do fantasma de seu álibi, a
crise mundial, para outra vez tentar limpar a barra da política
econômica que nos arrastou à lama. Não cola.
Comparações imediatas de taxas de crescimento são problemáticas, é
verdade. Em cada período, o ritmo pode variar devido a características
de cada país, como nível de renda, de industrialização, tipo de comércio
exterior etc.
Isto posto, a disparidade recente entre o crescimento do Brasil e o dos
países mais relevantes da América Latina é tamanha que é impossível não
desconfiar, digamos assim, de que aqui se fez besteira grossa desde
2011.
A baixa do preço das commodities nos prejudicou, decerto. Mas, no Chile,
52% do valor das exportações vem de cobre e derivados. No Peru, 36% vêm
de minérios.
Na Colômbia, petróleo e carvão representam mais de 60% das vendas ao exterior etc..
De resto, todas as economias latino-americanas são mais abertas ao
comércio exterior que a do Brasil, exceto a venezuelana (não há dados
sobre Cuba e Suriname).
O Brasil seria então um caso à parte na região, pois a estrutura produtiva é mais avançada?
Poderia ser. Em geral, países pobres podem crescer mais fácil e
rapidamente até atingir um nível de renda média (como a do Brasil),
dadas certas condições (industrialização, urbanização, certa ordem
política e social etc.).
Mas tanto países mais ricos como os mais pobres cresceram muito mais que
nós. O PIB per capita do Chile é 38% maior que o do Brasil; o do
Uruguai, 18% maior. O do Paraguai, a metade. O da Bolívia, 38% do nosso.
O Brasil teria outra síndrome muito particular de crescimento,
"estrutural"? Quem sabe. Mas, de 2003 a 2010, anos Lula, nosso PIB per
capita cresceu 24,5%, não muito diferente de Bolívia, Chile, Colômbia ou
Paraguai.
Os alunos excepcionais foram Uruguai (60%) e Peru (47%).
Quais as estimativas para 2016? Nas previsões dos economistas do Itaú, o
México cresce 2,8%. Chile, 2,3%. Colômbia, 2,5%. Peru, 3,8%. Brasil:
decresce 2,8%.
Qual o nome da síndrome brasileira?
extraídaderota2014blogspot
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