por Ruy Fabiano Com Blog do Noblat - O Globo
A declaração de Lula de que “não há vivalma neste país e no mundo mais
honesta que eu” apenas enriquece o já de si colossal folclore desta era,
que no futuro será estudada como um período de ocaso da inteligência e
da sanidade mental.
Lula disse ainda, a uma plateia amestrada, de jornalistas subsidiados
pelo estado (contradição em termos), que “pode até haver (gente tão
honesta quanto ele), mas acho difícil”, numa demonstração comovente de
humildade – e de cara de pau.
Tal declaração – dita no momento em que se avolumam os sinais de que
comandou a maior rapina da história mundial - se soma a outras,
igualmente insanas, como a da homenagem à mandioca, “uma das maiores
conquistas da humanidade”, proferida pela inigualável Dilma Roussef, que
também disse que o “vírus do mosquito zica (sic) é transmitido pelo
ovo”.
Não vale a pena – nem é o caso, nem haveria espaço para tanto – examinar
as declarações em si. São inúmeras. Quem quiser se aprofundar no tema,
dispõe de dois livros bem ilustrativos: o “Dicionário Lula”, de Ali
Kamel, e o “Dilmês, o Idioma da Mulher Sapiens”, de Celso Arnaldo
Araújo. Recomendo. Serão indispensáveis ao historiador do futuro.
Essencial é indagar como – e por que – a burrice e a ignorância subiram
ao pódio e governam o país há tantos anos. Se Dilma concluir o seu
mandato, o que é rejeitado por mais de dois terços da população, terão
sido 16 anos de petismo no poder.
O partido, criado em 1980, foi forjado, no final da década dos 70 nas
universidades paulistas (USP, Unicamp, PUC etc.), por intelectuais
esquerdistas. Tinha como vitrine o sindicalismo que emergia das greves
do ABC, com Lula à frente.
Foi apresentado como novidade, independente, embora, como se vê, não o
fosse. O instinto peleguista que hoje exibe faria corar Getúlio Vargas,
Peron e Mussolini. “Nunca antes”, diria Lula.
Mas é interessante notar que foram justamente os intelectuais os
responsáveis pela queda do padrão intelectual – e, em decorrência, moral
– que o partido introduziu na política nacional. Firmou-se perante o
público com um discurso moralista, acusatório, que fugia ao debate com o
conhecido truque erístico de demonizar o adversário, desacreditando-o
previamente.
Se não havia algum delito à vista, o partido tratava de fabricá-lo, por
meio de militantes infiltrados no Ministério Público (a propósito, onde
anda o procurador Luiz Francisco de Souza, o Torquemada?). O truque era
eficaz: um jornalista amestrado publicava uma nota, segundo a qual havia
“rumores” no Ministério Público de que determinado delito “teria”
ocorrido no governo.
Com base na nota, Luiz Francisco (havia outros, mas ele se destacava)
abria um processo investigativo, que era sucedido por um pedido de CPI
na Câmara ou no Senado. Instalava-se a gritaria, ainda que nada tivesse
ocorrido. Lula dizia que “quanto mais CPI, melhor” – o inverso de sua
prática no poder.
Em resumo, eis a receita: acusação sem provas, demonização de
adversários, desgaste do governo, afirmação do papel moralista e
moralizador do PT.
Dois episódios, entre numerosos outros, ficaram célebres: as acusações
de corrupção a Eduardo Jorge, chefe da Casa Civil de FHC, e a Ibsen
Pinheiro (PMDB), ex-presidente da Câmara, que acabou cassado.
Posteriormente, a farsa foi desvendada, mas os danos já tinham ocorrido –
e eram irreparáveis.
Com essa estratégia predadora, o partido chegou lá, deixando muitas
vítimas no caminho – inclusive dois cadáveres do próprio PT: os
prefeitos Celso Daniel (Santo André) e Toninho do PT (Campinas). Lula,
claro, não quer CPIs para esses casos.
“Um outro país é possível”, proclamavam os petistas. De fato, não
mentiam: outro país se instalou – e é este: o da mandioca, do Petrolão,
da ruína moral e econômica, soma nefasta de burrice, desonestidade e
violência.
A violência tem algumas siglas: MST, MTST, CUT, MPL (Movimento Passe
Livre), que contam com a colaboração das milícias dos Black Blocs, em
plena atividade há dias no Centro de São Paulo. Foi preciso que uma
crise econômica de proporções avassaladoras se instalasse para que a
sociedade despertasse do torpor em que se encontrava, ocasionando as
maiores manifestações de rua da história do país. Os escândalos
mostraram a verdadeira face de Lula e de seus aliados.
Mas o ponto central é outro: o único foco de resistência à saída do PT
do poder são justamente os intelectuais – escritores, artistas
renomados, professores universitários. São os maiores (únicos)
defensores da permanência da burrice no comando do país – burrice e
desonestidade. Relativizam os escândalos, acusando a justiça e a
imprensa (que em grande parte ainda minimiza o que ocorre). É espantoso
que a burrice tenha como defensora a inteligência (ou o que deveria
expressá-la).
Buscam argumentos convincentes e apenas mostram que foram contaminados
pela burrice que patrocinam. Acusam a multidão de milhões que protestam –
mais de dois terços do país -de “fascista, reacionária, coxinhas”.
Desprezam o conteúdo do protesto e negam evidências – inclusive a crise
econômica e os escândalos, mesmo os confessados -, sustentando que a
culpa da febre é do termômetro.
Há ao menos aí uma coerência: o PT sobrevive graças ao núcleo que o
gerou – e degenerou: intelectuais esquerdistas e pelegos sindicais, que
aparelharam as principais entidades da sociedade civil”: ABI, OAB, UNE,
CNBB.
O povo caiu na real - e, se algum benefício teve, a crise econômica
(made in PT) tratou de revogá-lo. Não era benefício, era um truque. O
demagogo é sabido, mas não é sábio – e esperteza (viu Marina) é uma
rede, mas sem sustentabilidade alguma
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT
0 comments:
Postar um comentário