por Mary Zaidan Com Blog do Noblat - O Globo
Sem ter o que dizer, a presidente Dilma Rousseff não deverá se
pronunciar em cadeia de rádio e TV nas comemorações da Independência. Se
confirmada, a atitude inédita será bem-vinda. Poupará paciência e
panelas.
Desde 2011, Dilma aproveita a data para, em horário nobre, despejar
sobre os brasileiros autoelogios e uma imensa quantidade de mentiras.
Revisitar esses pronunciamentos é didático. Cada frase em tom ufanista
comprova o verdadeiro caráter (ou a falta de) de seu governo.
No pronunciamento do
primeiro ano de mandato, a presidente alardeou o fato de o Brasil não
ter sucumbido diante da crise internacional que represou o crescimento
mundial. Com todas as letras, disse que o país tinha “muito espaço para
crescer” e o povo brasileiro “motivos de sobra para ter esperança em um
futuro melhor”.
Fez ainda um sem número de promessas que não seriam cumpridas nas áreas
de Educação e Saúde. Assegurou que reforçaria as fronteiras para impedir
a entrada de drogas e apresentou programas revolucionários para
viciados: enfermarias especializadas e consultórios de rua para garantir
“alternativas de atenção e cuidado, 24 horas por dia, em todo o
Brasil”. Tudo balela.
Com a aprovação de seu governo batendo na casa de 64% de ótimo e bom, no ano seguinte Dilma
usou a cadeia de rádio e televisão para rasgar loas ao modelo econômico
implantado pelos governos petistas. E abusou do ludibrio: “Ao contrário
de outros países, o Brasil criou, nos últimos anos, um modelo de
desenvolvimento inédito, baseado no crescimento com estabilidade, no
equilíbrio fiscal e na distribuição de renda.”
Foi ainda mais ousada. Faltando menos de um mês para as eleições
municipais que levariam o PT à vitória em São Paulo e Belo Horizonte,
anunciou que reduziria as tarifas de energia a partir de 2013. Deu no
que deu. Hoje, além da desordem que impera no setor, as contas de luz
estão 75% mais caras.
O 7 de Setembro de 2013 foi
o da multiplicação de pactos. Acuada pelas manifestações de junho que
derrubaram sua aprovação para 30%, e, pior ainda, elevaram a rejeição
para 25%, segundo o Datafolha, Dilma lançou o papo de tudo pelo bem do
Brasil – algo semelhante à lengalenga que se ouve hoje. Chegou a dizer
que o governo deveria ter “humildade e autocrítica para admitir que
existe um Brasil com problemas urgentes a vencer”.
Como soberba é doença incurável, apenas concedeu à população “o direito de se indignar com o que existe de errado”.
Mas nada se compara ao ano passado. Na mentira e na desfaçatez.
No auge da campanha, Dilma dedicou todo o programa eleitoral do dia 6 de setembro para desconstruir Marina Silva, que ameaçava a liderança da candidata petista. E o fez sem qualquer pudor.
O tema era o pré-sal que Marina Silva, em seu programa de governo, ousou
afirmar que revisaria. Na TV, Dilma diz que a opositora acabaria com os
royalties carimbados para a educação. E com a criação Lula-Dilma do
“conteúdo nacional” na fabricação de navios e sondas, estímulo decisivo à
competitividade e à geração de empregos.
Está aí a Lava-Jato a comprovar que, de fato, a aventura nacionalista
garantiu milhões para uns e centavo algum para as salas de aula.
Nesta segunda-feira, Dilma presidirá o desfile do 7 de Setembro em
Brasília. Para que possa aparecer a céu aberto, a Esplanada dos
Ministérios será transformada em recinto fechado. O público só será
bem-vindo depois de revista que confiscará faixas, bandeiras e
bonecos-pixulecos.
Exibem-se assim os efeitos da rejeição recorde de 71% dos brasileiros e o conceito muito particular que Dilma e os seus têm de independência.
Exibem-se assim os efeitos da rejeição recorde de 71% dos brasileiros e o conceito muito particular que Dilma e os seus têm de independência.
extraídaderota2014blogspot
0 comments:
Postar um comentário