por Rogério Gentile Folha de São Paulo
Dilma Rousseff precisa começar a governar neste segundo mandato, sob o
risco de em breve não ter mais condições políticas de o fazer, se é que
ainda tem.
Não é à toa que um empresário do porte de Abílio Diniz diz publicamente
que "o Brasil precisa trancar FHC, Lula e Temer numa sala para resolver a
crise política" e deixa a atual mandatária do lado de fora.
Os seus últimos atos foram de um amadorismo quase que obsceno,
inimagináveis para uma presidente e para um partido que estão há tanto
tempo no poder.
Primeiro, Dilma anunciou uma reforma ministerial sem definir quais
pastas vão sumir e, principalmente, como ficará a configuração de forças
na Esplanada.
Simplesmente jogou a informação no ar e tchau, agravando um clima que há tempos já é de pega pra capar na base aliada.
Depois, lançou uma CPMF sem combinar com ninguém, como se fosse possível
aprovar uma medida impopular desse tipo apenas por vontade pessoal. Com
71% de rejeição na opinião pública, Dilma teve de recuar em três dias.
Em 1996, para comparação, o tributo foi criado em meio a uma grande
batalha no Congresso por um governo FHC que tinha, à época, reprovação
de apenas 25%, e contava com o empenho e o prestígio de Adib Jatene.
Por fim, sem a CPMF e sem saber como fazer para fechar as contas, Dilma
tentou transferir o problema do Orçamento para o Congresso. Resolvam aí
esse pepino, disse, na prática, para Eduardo Cunha e companhia,
aumentando ainda mais a desconfiança sobre a capacidade deste governo de
conduzir a economia brasileira. Ouviu um sonoro não, claro.
O dado novo é que, enquanto Dilma abusa do direito de errar, os
profissionais do PMDB, que há décadas alinham-se a todo e a qualquer
governo, não estão lá mais para ajudá-la. A bem da verdade, começaram a
jogar contra, pois Temer convenceu-se de que há uma grande chance de
virar um novo Itamar Franco.
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