REINALDO AZEVEDO
Pois é, pois é…
Não fossem
as pedaladas fiscais, teria ficado claro que o país já produziu déficit
primário no ano passado, o que deve acontecer também neste ano. E um
novo já está programado para o ano que vem. Na peça orçamentária de 2016
que o governo entregou ao Congresso, a conta fica negativa em R$ 30,5
bilhões — o correspondente a 0,34% do PIB. No começo do ano, se bem se
lembram, o governo Dilma prometia um superávit de 1,15% em 2015 e de
0,7% em 2016.
Do ponto
de vista, vamos dizer, estritamente moral, não deixa de ter havido um
avanço. Ainda que o déficit vá ser, provavelmente, maior, o governo,
desta feita, não procura enganar o distinto público com um superávit que
não existe, a exemplo do que fez no ano passado e do que estava
tendente a fazer neste ano. Aliás, cumpriria já estabelecer uma meta
crível de déficit para este 2015, não? É claro que não se vai fazer
aquele superávit de 0,15% — mixaria em torno de R$ 8 bilhões.
Uma
elevação do padrão moral não torna, no entanto, melhor a contabilidade. É
claro que estamos diante do resultado do desastre provocado pelo PT na
economia. Os mercados, por exemplo, não reagem aplaudindo o amor do
governo pela verdade, mas corrigindo o preço da crise. O dólar foi para
as nuvens e fechou o dia a R$ 3,68.
E olhem
que a peça do governo ainda é muito otimista, como costuma ocorrer
nesses casos. Ali se diz que o país deve crescer 0,2% no ano que vem.
Não há um só economista fora do governo que acredite nisso. Expectativas
hoje bastante realistas já anteveem recessão perto de 1%.
Os números
encaminhados pelo governo ao Congresso são a confissão de um insucesso.
Não há desculpa para Dilma. Ela está no oitavo mês de seu segundo
mandato. Não herdou o governo de um partido hoje da oposição, que
pudesse ser demonizado. Não é a sucessora infausta de sua própria
legenda, tadinha!, obrigada a corrigir bobagens feitas por um antecessor
aliado. Nada disso! Os números da economia representam a herança de
Dilma para… Dilma.
Fosse uma
questão privada, ela que se virasse. Se o Brasil fosse um brinquedinho,
ela que reclamasse com o fabricante a compra de um objeto bichado. Mas
não é assim: Dilma é, em grande parte, a arquiteta e a criadora do
desastre. Nesses oito meses de governo, nada aconteceu de excepcional,
fora da curva, de inesperado, que justifique o desastre.
Tudo o que
está aí, cobrando o seu preço, já estava em outubro, quando ela
prometeu seus amanhãs sorridentes. E essa é uma das razões por que
ninguém acredita nela. E tanto menos acreditará quanto mais ela se
dedicar a mandracarias como a tentativa de recriar a CPMF.
O PT
confessa a falência de seu modelo e de sua política. Está morto. Agora
falta enterrar o cadáver que, invertendo o que escreveu o poeta, nem
mais procria.
EXTRAÍDADOBLOGDEREINALDOAZEVEDOVEJA
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