Nota à imprensa
Aloysio Nunes Ferreira Senador (PSDB-SP) e presidente da Comissão de Relações Exteriores
No entanto, o chefe da missão diplomática, embaixador Pereira, que é um profissional experiente, deveria ter assumido pessoalmente a decisão de seguir a comitiva, especialmente quando já sabia das armações para por em risco a segurança de brasileiros. Refiro-me ao fato dos agentes de segurança do aeroporto terem impedido que nos encontrássemos com os jornalistas brasileiros e com as esposas dos opositores presos no saguão do aeroporto.
Pereira foi visitado na véspera da chegada da missão oficial do Senado pelo ministro Eduardo Saboia, diplomata hoje lotado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. O embaixador informou a Saboia que não iria nos acompanhar na visita, mas disse que o conselheiro José Solla estaria à nossa inteira disposição.
Na manhã do dia 18, o ministro Saboia dirigiu-se à Base Aérea de Maiquetia com o conselheiro Solla em ônibus alugado pela embaixada. Contaram com a presença de batedores, e o trânsito fluía bem àquela altura. Na chegada à Base Aérea, a confusão já se prenunciava e o conselheiro Solla informou o embaixador por telefone das dificuldades.
O avião pousou sem que aqueles que nos esperavam no saguão soubessem por onde sairia a comitiva, isso, repito, para impedir nosso contato inicial com a imprensa e as representantes dos movimentos venezuelanos de oposição.
Os senadores tiveram que esperar longamente no avião até que finalmente se decidisse fazer ingressar o ônibus à pista do aeroporto. Foi com muita insistência nossa que, contrariando a orientação da polícia local, que o ônibus se deteve em frente ao terminal principal para que pudéssemos nos encontrar com as pessoas que nos esperavam.
Ruy Pereira, na pista, cumprimentou os parlamentares e informou que não os acompanharia, o que já era de conhecimento do ministro Saboia. Para nossa surpresa, foi naquele momento que todos ficamos sabendo que também o conselheiro Solla nos deixaria. Saboia alertou o embaixador de que não era isso o que havia sido acertado na véspera.
Registro o fato de que diante da impossibilidade de ativar um chip de telefone local comprado pela embaixada e da negativa do embaixador Ruy Pereira de emprestar o celular da representação diplomática brasileira, José Solla, em gesto solidário, entregou seu celular particular para a comitiva, sem o qual ficaríamos impossibilitados de nos comunicar com quem quer que seja.
Registro também que, durante aqueles momentos de aflição, comuniquei-me várias vezes com o embaixador Pereira para relatar-lhe os fatos, transmitir-lhe a convicção de todos de que o cerco hostil dos manifestantes fora teleguiado pelo governo e pedir-lhe providências junto ao governo venezuelano para o reforço de nossa segurança, assim como para que as autoridades de trânsito nos permitissem utilizar uma via que ainda se encontrava livre, reservada a trajetos oficiais.
Em todas as ocasiões, o embaixador relatou-me seus contatos infrutíferos com a chancelaria venezuelano visando a atender o nosso apelo. A sequência dos acontecimentos é de conhecimento público.
O governo Dilma está enroscado em uma incômoda contradição: de um lado, o Ministro da Defesa, Jaques Wagner, cede o avião da FAB para nos levar a Caracas; de outro, o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, não autoriza o embaixador a acompanhar a missão do Senado à visita aos presos políticos, objetivo declarado de nossa viagem.
O governo do Brasil precisa "sair do armário" e assumir sem ambiguidade a condenação à repressão política e valer-se do seu peso diplomático para induzir o governo Nicolás Maduro a uma negociação séria com a oposição o objetivo da realização de eleições livres e limpas. Se fizesse isso, a presidente Dilma se engrandeceria.
EXTRAÍDADEPUGGINA.ORG
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