MIRANDA SÁ
É chamado no Oriente de “kwat p´ai”, extraído do ideograma “tabletes
de osso”. Foi na Europa que recebeu o batismo de Dominó pelos padres que
o jogavam, porque o vencedor expressava em latim “domino gratias!”, o
que significa “graças a Deus”.
O jogo atravessou o Atlântico com os portugueses, vindo para o Brasil
no século 16, e aqui adquiriu enorme popularidade em todos os meios,
dos escravos à nobreza. Ainda se joga dominó no mundo inteiro,
principalmente na América Latina.
O dominó tem 28 peças, divididas ao meio com pontos de zero a seis,
indo do zero mais zero até o seis mais seis numa ordem que vai do zero e
zero, zero e um, um e um, zero e dois, um e dois, dois e dois, e assim
por diante até o seis e seis.
Além do jogo de estratégia, dito “profissional”, os americanos que
adoram competições, inventaram uma disputa que consiste em derrubar as
peças colocadas em pé, uma atrás das outras numa longa e diferenciada
seqüência, sendo que ao se derrubar a primeira, esta derruba a seguinte e
enfim prostrando todas de uma a uma.
Fazem-se arranjos geométricos com milhares de pedras, e, segundo o
Guiness Book, o recorde de derrubada é de 30.000 pedras. A disputa para
quebrar recordes é imensa, orgnizando-se festivais, campeonatos e até
sites na Internet.
Pela semelhança, as situações como a do jogo são chamados de “efeito
dominó” ao ocorrerem quedas em série, levando a uma derrubada final. Na
guerra do Vietnã houve uma estratégia militar do estado maior dos EUA
batizada de “efeito dominó”.
O Pentágono decidiu entrar no conflito contra o vietgong, temendo que
a luta de independência dos vietnamitas se espalhasse pelos países
vizinhos, acarretando um desequilíbrio geopolítico com a URSS
proporcionando graves efeitos na “guerra fria”.
Assistimos no Brasil um “efeito dominó” que está levando o
lulo-petismo em queda abaixo do volume morto da política nacional. As
pedras erguidas com a ascenção do PT caem uma a uma, a partir da
debandada dos intelectuais e políticos honestos que fundaram o partido, e
se decepcionaram com o exercício do poder de Lula da Silva.
Lula, como presidente, banalizou a prática da pelegagem sindical no
Pais. Institucionalizou-a, levou-a ao Congresso, aos partidos e aos
movimentos e organizações populares; fez e estimulou jogadas de jogo
duplo, dos dossiês, das mamatas e das cooptações pelo apelo “ideológico”
ou pela compra deslavada de corruptíveis.
A corrupção disparou com os sanguessugas do Ministério da Saúde e
chegou à ruina da Petrobras. E ainda falta abrir a caixa preta do BNDES.
Assim, a divergência entre petistas se acentuou e cresceu, com os que
abriram os olhos repugnando a bandalheira dos pelegos corruptos e a
incompetência governamental para cumprir o programa partidário e as
promessas eleitorais.
Sentindo-se traídos e iludidos, os militantes decentes se afastam,
deixando o governo e o partido sob controle de hierarcas amorais; estes,
para se manterem, cercam-se de carreiristas e oportunistas de todo
tipo. O que escrevo é negado pelos fanáticos, mas é o próprio Lula,
tirando dos ombros o fardo da responsabilidade, quem diz.
Discursando num seminário patrocinado pelo seu Instituto, que está
debaixo de suspeição e com seu presidente convocado pela CPI da
Petrobras, o Pelegão falou: “O PT perdeu parte do sonho, da utopia”.
E com o cinismo que lhe é peculiar acrescentou: “Hoje, a gente só pensa em cargo, só pensa em emprego, só pensa em ser eleito.”
Faltou dizer que os lulo-petistas só pensam em criar consultorias
para assaltar os cofres públicos e receber propinas. Faltou-lhe
autocrítica para assumir que o congresso do PT foi esvaziado e que o
povo não mais tolera o seu governo, mentiroso, incapaz e corrupto.
Da nossa parte, vemos as peças da organização partidária sendo
derrubadas e esperamos a queda do zero mais zero, ele, Lula, caindo na
prisão pelo envolvimento no Petrolão e outros mais. É o efeito dominó da
Justiça que estamos assistindo.
extraídadatribunadaimprensaonline
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