Flávia Tavares, Leandro Loyola e Diogo Escosteguy - Epoca
Acossado pelas investigações da Lava Jato e cada vez mais impopular, o ex-presidente parte para o ataque – e expõe o ocaso do modo petista de fazer política
Num encontro recente com os principais chefes do PMDB, o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, novo líder da oposição ao governo petista de Dilma Rousseff, comparou a presidente a uma adolescente mimada. Na analogia, Lula se
apresenta no papel de pai preocupado. O petista, como é de seu hábito,
sempre aparece nesse tipo de metáfora como figura sensata, arguta,
sábia. Desempenha a função do pai – do bom pai. “Ela (Dilma) faz
bobagem, você senta para conversar e dizer por que aquilo foi errado.
Ela concorda, claro”, disse Lula. “Mas não demora, logo no dia seguinte,
ela vem e faz tudo de novo. Te chamam na delegacia para buscar a filha
pelo mesmo motivo.” Todos eram homens, e riram. A culpa pelas desgraças do país não é da Geni. É de Dilma.
A historinha de Lula, compartilhada num momento de intimidade política, revela quanto Lula tem, de fato, de argúcia – e quanto Dilma tem de impopularidade. Conforme a aprovação da presidente aproxima-se do chão (10%), como mostrou o Datafolha na semana passada, mais à vontade ficam os políticos para fazer troça da petista. Até ministros próximos de Dilma, que conseguem trabalhar há anos com ela, apesar das broncas mal-educadas que recebem cotidianamente, não escondem mais o desapreço pela presidente. “A Dilma conseguiu implodir as relações com os movimentos sociais, com o Congresso e com o PIB”, diz um desses ministros, que é do PT. “O segundo governo acabou antes de começar. Estamos administrando o fracasso e os problemas do primeiro mandato. Resta apenas o ajuste fiscal para o país não quebrar.”
A historinha de Lula, compartilhada num momento de intimidade política, revela quanto Lula tem, de fato, de argúcia – e quanto Dilma tem de impopularidade. Conforme a aprovação da presidente aproxima-se do chão (10%), como mostrou o Datafolha na semana passada, mais à vontade ficam os políticos para fazer troça da petista. Até ministros próximos de Dilma, que conseguem trabalhar há anos com ela, apesar das broncas mal-educadas que recebem cotidianamente, não escondem mais o desapreço pela presidente. “A Dilma conseguiu implodir as relações com os movimentos sociais, com o Congresso e com o PIB”, diz um desses ministros, que é do PT. “O segundo governo acabou antes de começar. Estamos administrando o fracasso e os problemas do primeiro mandato. Resta apenas o ajuste fiscal para o país não quebrar.”
Ninguém discorda que Dilma é uma presidente estranha. Num momento de crise profunda no país que ela governa, só aparece em público para pedalar pelas ruas de Brasília. Os políticos mais antigos lembram-se das corridas matinais de Collor nas proximidades da Casa da Dinda, quando o governo dele desmoronava. Transmite o mesmo tipo de alienação. Na semana passada, num discurso que entrará para os arquivos da Presidência da República, Dilma “saudou a mandioca, uma das maiores conquistas do Brasil”. Estava no lançamento dos Jogos Indígenas. Falou de improviso. Inventou expressões como “mulheres sapiens” e pôs-se a elogiar a bola usada pelos índios. “É uma bola que eu acho um exemplo, é extremamente leve. Já testei e ela quica”, disse Dilma. Um ministro que presenciou o discurso não acreditou no que via. “Dava vontade de sair correndo e tirar o microfone dela”, diz ele, ainda rindo da cena.
O esporte do momento em Brasília, como fez Lula, é ridicularizar Dilma.
Mas será ela a verdadeira responsável pela crise que acomete o Brasil em 2015? Ninguém discorda de que a presidente tem responsabilidade – e muita – pela crise econômica.
Mas os fatos políticos dos últimos meses, e em especial das últimas
semanas, demonstram que a crise prolongada – política, social, criminal e
econômica – é sintoma da ruína de uma era,
uma era definida não por Dilma, mas por quem a concebeu politicamente:
Lula, o pai. Trata-se de uma era em que o PT exerceu o poder por meio do
fisiologismo do mensalão e do petrolão, abandonando, a partir do governo Dilma, a razoabilidade econômica e a conciliação política.
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