por Igor Gielow FOLHA DE SÃO PAULO
Um dos mais argutos políticos em atividade definiu a nova fase da Lava
Jato como ponto de inflexão. Repassando os rumores de que a apuração
sobre a Odebrecht levaria à campanha de Dilma em 2014, ele vê pela
primeira vez desde a eclosão do caso risco real de o governo ser
fulminado.
Não se sabe ainda se é para tanto, mas Planalto e PT estão preocupados.
No mínimo, considerando que os rumores sejam apenas isso, porque a
operação atingiu a Odebrecht.
Não se trata só da maior empreiteira brasileira, o que em si enseja
preocupações legítimas para uma economia já em depressão e com
desemprego em alta, mas também de uma das empresas mais próximas não só
do governo, mas também de Lula.
Virtual candidato em 2018, o petista vê o corredor estreitar-se a cada
uma das estações da cruz da Lava Jato. As relações do instituto que leva
seu nome com empreiteiras já estavam na mira; agora o pesadelo atende
pelo nome de delação premiada.
Não só governistas têm com que se preocupar, como o "Para Todos" que dá
nome à etapa indica. O chefão da Andrade ora alojado na PF de Curitiba é
unha e carne com o tucanato.
Palacianos bateram bumbo sobre o fato, talvez porque miséria goste de
companhia. Mas são eles que têm mais a perder, ainda mais com
impopularidade de Dilma e a ameaça de uma rejeição de contas virar mote
de processo de impeachment.
Com esse cenário carregado, os olhos se voltam para o trabalho da
investigação. Um deslize agora pode significar o fim da Lava Jato, já
que todas as acusadas estão no mesmo balaio e procurando agulhas
envenenadas no palheiro da apuração. A carta do risco sistêmico de
contágio a bancos credores reaparecerá.
Um objetivo central da Lava Jato sempre foi chegar aos donos do
dinheiro. Apenas uma apuração rápida, objetiva e serena garantirá que
seu zênite neste particular não seja também a véspera do epílogo.
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT
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