editorial da Folha de São Paulo
A pesquisa Datafolha publicada no domingo (21) mostrou que o governo da
presidente Dilma Rousseff é considerado ruim ou péssimo por 65% dos
eleitores, um novo recorde negativo da petista que a deixa com uma taxa
de reprovação melhor apenas que a de Fernando Collor de Mello às
vésperas do impeachment, em 1992. E essa nem foi a pior notícia para o
PT.
Mais que a impopularidade de Dilma, com sutis diferenças já captada nos
levantamentos anteriores, o que chamou a atenção desta vez foi o
desempenho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma hipotética
disputa pelo Planalto.
Se o pleito fosse hoje, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) lideraria a
corrida presidencial com 35% das preferências; Lula aparece em seguida,
com 25%, à frente de Marina Silva (PSB), com 18%.
É a primeira vez que o petista figura em segundo lugar em uma pesquisa
de intenção de voto desde a campanha da reeleição, em 2006.
Não há dúvida quanto à corrosão do capital eleitoral de Lula: no final
de 2013, ele ostentava 56% das preferências; em meados de 2014, 44%.
Vista dessa perspectiva, a dilapidação de seu patrimônio em 2005, ano do
mensalão, já não parece tão acentuada, com uma queda (depois revertida)
de 44% para 29% em 12 meses.
Tais números decerto ajudam a entender as, digamos, liberdades que o
ex-presidente passou a se permitir nos últimos dias. Na semana passada,
em encontro com um grupo de padres e dirigentes de entidades religiosas
em seu instituto, criticou o governo Dilma como se a ele fizesse
oposição.
Segundo o jornal "O Globo", Lula disse, por exemplo, que ninguém se
recorda da última boa-nova que a gestão petista deu ao Brasil. As más
notícias listadas pelo ex-presidente, porém, eram várias: da inflação ao
aumento de tarifas controladas, passando por denúncias de corrupção e
pelo descumprimento de promessas de campanha.
Como se a mensagem não tivesse sido clara o bastante, Lula voltou à
carga nesta segunda (22). No seminário "Novos desafios da democracia",
promovido por seu instituto, sustentou que o PT deveria passar por uma
revolução, incorporando quadros jovens e ideias frescas.
"Eu, que sou uma figura proeminente do PT, tenho 69 [anos], estou
cansado. Estou falando as mesmas coisas que falava em 1980", asseverou,
não sem condenar um pragmatismo excessivo na sigla. "A gente só pensa em
cargo, só pensa em emprego, só pensa em ser eleito, ninguém trabalha
mais de graça."
A começar do próprio Lula, talvez seja o caso de acrescentar. Como o
ex-presidente afirmou na última semana, ele sabe que está no "volume
morto", ao lado de Dilma Rousseff e do PT. Sabe também, mas isso não
disse, que a previsão do tempo não é favorável ao governo –e por isso
mesmo terá escassas chances em 2018 se não começar a se distanciar de
sua pupila.
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT
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