Por J.R. Guzzo - Veja
Será que os brasileiros, finalmente, se convenceram de que estão sendo dirigidos por um dos governos mais incompetentes que já tiveram de aguentar – ou, possivelmente, o mais incompetente de todos?
Mais interessante ainda: a propaganda descomunal que o poder público soca todos os dias em cima da população e o uso sistemático da mentira talvez já não estejam dando os resultados que costumam dar.
A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, ameaça combater a corrupção na Petrobras, mas diz que os `inimigos da empresa` são os que sugeriram mudar seu nome para ´Petrobrax`, cerca de quinze anos atrás, com a intenção secreta de liquidá-la – e, ao mesmo tempo, faz tudo para impedir que se investigue a roubalheira pública de hoje.
Quanta gente acredita num desvario desses? Tudo bem. O Brasil está em petição de miséria, e o presente já é um caso perdido. A pergunta, agora, é a seguinte:
As coisas vão mudar para melhor depois da eleição presidencial de outubro ou vão ficar piores ainda?
Vão ficar piores com certeza, se o Brasil não sair da armadilha que o governo, o PT, e o ex-presidente Lula montaram: eles têm de ganhar todas, pois não podem mais admitir a alternância de poder.
Se admitirem, a casa cai, e a casa não pode cair – pois os que mandam no país não consegue mais viver fora do governo. Manter-se no poder todo mundo quer, nas melhores democracias do mundo.
O problema atual do Brasil é que o PT não apenas quer continuar: precisa continuar, pois, se sair, o mundo de privilégios que construiu para si próprio nos últimos onze anos vai direto para o espaço.
É essa ansiedade, e nada mais, que acaba de trazer Lula para dentro da campanha eleitoral – se Dilma continuar caindo nas pesquisas, é pouco provável que ele próprio e seu partido digam ´que pena`, e fiquem só olhando o desastre acontecer na sua frente.
Aí, para não perderem a situação de proprietários privados do Brasil que conseguiram obter de 2003 para cá, tudo passa a valer:
A presidente pode ser desembarcada sem maior cerimônia de seu posto de candidata à reeleição, e Lula entraria na disputa para salvar a pele de todos.
Como explicar essa deposição de Dilma para o público?
Inventa-se uma história qualquer – esse tipo de coisa jamais foi problema para Lula, um artista em escapar das situações mais sinistras sem explicar nada.
A companheirada, por sua vez, dirá que lamenta – mas que a volta de Lula é essencial para salvar o ´projeto do PT`, caso ele esteja ameaçado de ´destruição` pela ´direita`, pela ´grande mídia`, pelos que ´não se conformam` com a vitória da classe operária etc.
Se a oposição ganhar, dizem, será ´volta da ditadura` - e não é possível permitir tal crime.
´Projeto do PT`? Que diabo seria isso? Nada mais simples: O projeto do PT é não ter projeto nenhum.
Em vez de trabalhar para construir um Brasil mais justo, confortável e promissor para os brasileiros, todo o esforço do partido se concentra em não largar o osso do governo.
Não se trata de desejo: é necessidade.
O que muda, se saírem, não é nada que tenha a ver com ideias, princípios ou valores; o que muda, no duro, é a sua vida material.
Vão embora os 20 mil altos empregos que têm no governo federal. Vão embora as oportunidade ilimitadas de negócios com o poder público. Vão-se embora as Pasadenas, os mensalões, a compra de certas empresas de videogames por empreiteiras de obras, na base dos 10 milhões de reais.
Ficam as fortunas criadas nos porões da Petrobras. Ficam as rosemarys, os youssefs e milhares de outros como eles.
Ficam o caviar de Roseana Sarney, os jatinhos, os planos médicos milionários. Ficam as diárias de hotel a 8 000 euros. Fica um STF obediente.
Mais do que tudo, fica garantida a impunidade.
O PT, como observou há pouco o ex-deputado Fernando Gabeira, é um partido que se baseia totalmente na obediência; não valem nada, ali, mérito, talento ou competição sadia.
A única maneira de subir na vida é obedecendo a Lula – e, para isso, é indispensável que Lula, ou algum dos seus postes esteja no governo.
EXTRAÍDADAVERDADESUFOCADA
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