Via Diário do Poder
Polícia intercepta mensagens de tráfico de influência de Lula.
A
Polícia Federal prende os donos e executivos das maiores empreiteiras
brasileiras, Odebrecht e Andrade Gutierrez, e com isso atinge o topo da cadeia
de comando do esquema de corrupção da Petrobras e está a um passo do ex-presidente
Lula, segundo reportagem da revista Veja
deste fim de semana.
Mensagens
interceptadas pela Polícia Federal entre executivos da construtora OAS, e que
constam do processo contra a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, descrevem com
detalhes o esquema de lobby e indício de tráfico de influência do ex-presidente
Lula em países da África e da América Latina. A 14ª fase da Operação Lava Jato
foi deflagrada nesta sexta-feira, resultando na prisão dos executivos Marcelo
Odebrecht e Otávio Azevedo.
A
troca de mensagens ocorreu em 2013 entre Léo Pinheiro e Cezar Uzeda, presidente
e diretor da área internacional da OAS, respectivamente. Nos textos, Lula leva
o apelido "carinhoso" de Brahma e é citado nos termos de uma
aproximação com o embaixador de Moçambique no Brasil, Murade Isaac Miguigy
Murargy.
O
facilitador do encontro, segundo as mensagens, é o ex-ministro Franklin
Martins. Diz Pinheiro: "Tem o Brahma no meio. Quem marcou (o encontro) foi
a Mônica, mulher de Franklin (Martins). Segundo ela, seria uma aproximação para
2014. Ele deve coordenar. Disse-me também que os dois (Odebrecht e AG) estão em
pé de guerra. Vou confirmar sua ida. Nesse mesmo horário vou estar com Aécio
(Neves)", escreveu o ex-presidente da empreiteira, preso em novembro do
ano passado, e que foi liberado após um pedido de habeas corpus concedido pelo
Supremo Tribunal Federal (STF).
A
mulher de Franklin Martins, Monica, também enviou mensagem a Pinheiro
detalhando o perfil do embaixador. "Diz ao Cesar (Uzeda) que estarei com
ele. Me encontre na porta da Embaixada. Ele vai falar sobre campanha política e
novos projetos. Ele que colocou a Suzano e a Andrade lá no governo. Era o chefe
de gabinete do presidente (de Moçambique)", explica.
A
troca de mensagens mostra que uma viagem ao Chile, onde Lula palestrou em
novembro de 2013, bancada pela OAS, foi ideia do próprio ex-presidente. Na
tarde do dia 12 de novembro, Léo Pinheiro questiona Cezar Uzeda sobre as obras
da OAS no Chile, afirmando que "o Brahma está procurando saber".
Quando o executivo responde listando as obras, a réplica de Pinheiro, às 22h do
mesmo dia, detalha a ideia do ex-presidente. "O Brahma quer fazer a
Palestra dia 24/25 ou 26/11 em Santiago. Seria uma mesa redonda com 20 a 30
pessoas. Quem poderíamos convidar e onde?", diz Pinheiro.
Segundo
o diretor da área internacional, os convites estavam condicionados às eleições
presidenciais, em que a vencedora terminou sendo a socialista Michele Bachelet.
"Os convidados dependerão do resultado das eleições de domingo próximo. O
Chile é um país mais sofisticado. Talvez um almoço com participação de
empresários, políticos com orientação mais à esquerda e intelectuais.
Submeteríamos os convidados à crítica prévia dele (Lula)", diz Uzeda.
Em
outra conversa, os empresários definem que a OAS bancará a viagem de avião, mas
temem se é conveniente que a viagem seja na mesma aeronave que a do
ex-presidente. "Leo, colocamos o avião à disposição de Lula pra sair
amanhã ao meio dia. Seria bom você checar com Paulo Okamoto se é conveniente
irmos no mesmo avião. Caso contrário, vamos na quarta feira", afirma o
diretor da área internacional.
Em
relação ao mesmo evento, os executivos conversam sobre as diferenças entre
Dilma e Lula em relação à agenda internacional. "A agenda nem de longe
produz os efeitos das anteriores do governo Brahma. No entanto, acho que ajuda
a lubrificar as relações. A senhora não leva jeito, discurso fraco, confuso e
desarticulado, falta carisma".
O
mesmo modelo de visita, patrocinada pela OAS, ocorreu em janeiro de 2014, no
Uruguai. Diz Uzeda: "Leo, o formato segue o modelo exato do que foi feito
no Chile: pela manhã, grupo seleto de empresários uruguaios ou que atuam por
lá. O tema passará sempre por alguma derivada da integração regional.
Importante saber se ele gostaria de algum retoque ou mudança na organização.
Quanto aos nossos interesses no Uruguai, na pauta está o porto de águas
profundas em La Paloma (Odebrecht propôs uma PPP) e um gasoduto para levar gás
ao Brasil".
Os
executivos também citam contato do então ministro Fernando Pimentel para ajudar
nas negociações na Argentina, sobre a construção de uma usina hidrelétrica.
"(Julio) De Vido (ministro do Planejamento da Argentina) nos ligou
preocupado porque o tema das UHE NK não estaria na pauta da reuniao da Camex
(Câmara de Comércio Exterior ligada ao Ministério do Desenvolvimento, pilotado
por Pimentel) da próxima terça e a data limite para apresentação pelas empresas
brasileiras da carta do BNDES é dia 21/02 , data em que ele abrirá os envelopes
de preço. Se não apresentamos a carta em 21/02 , seremos desclassificados e
ficaremos mal na Argentina. A Odebrecht não está muito preocupada com isso. Ou
acha que perde para nós no preço, ou ja está satisfeita por que ganhou do BNDES
um financiamento para outra obra de 1,5 bilhão de dólares na Argentina",
diz, Léo Pinheiro.
No
mesmo diálogo, o executivo da OAS relata gestões de Pimentel para interceder
pela Vale na Argentina. "FP vai para Argentina amanhã, domingo, resolver
problema da Vale com o ministro De Vido. O governo da Argentina ameaçou a Vale:
'ou investe no país ou libera a mina de potássio do rio Colorado para a China
explorar e sai do país'. Mais uma rateada de Murilinho (Murilo Ferreira,
presidente da Vale), e o governo brasileiro se move em peso pra resolver",
diz Pinheiro.
extraídadatribunadainternet
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