CARLOS CHAGAS -
Gravíssima a denúncia feita pelos oito senadores que foram e voltaram
da Venezuela sem sair das proximidades do aeroporto de Caracas: o
ministro da Relações Exteriores, Mauro Vieira, teria instruído o
embaixador do Brasil naquele país, Rui Pereira, a não acompanhar a
comitiva, que apenas cumprimentou na chegada e na saída, inclusive sem
deixar nenhum diplomata à disposição deles. A ordem teria partido do
palácio do Planalto, com a presidente Dilma irritada pela intervenção de
parlamentares oposicionistas nos negócios internos de um país nosso
limítrofe.
Aécio Neves, Aloísio Nunes Ferreira, Ronaldo Caiado, Cassio Cunha
Lima, Ricardo Ferraço e outros adversários do governo estavam dispostos a
visitar o líder Leopoldo Lopes, da oposição venezuelana, preso há um
ano e em greve de fome. Viajaram em avião da Força Aérea, ou seja, em
missão oficial do Legislativo, mas foram sabotados pelas autoridades
locais, com o ônibus contratado para transportá-los preso em misterioso
engarrafamento e atacado a pedradas por bem organizado grupo de
baderneiros.
Para os senadores, tudo foi tramado pelo governo do presidente
Maduro, com conhecimento do Itamaraty e do governo brasileiro. Assim,
convocaram o chanceler para dar explicações na quinta-feira, na Comissão
de Relações Exteriores. Estavam em missão humanitária, para visitar os
diversos presos políticos isolados numa penitenciária perto de Caracas e
tentar convencer um deles a interromper a greve de fome, que já dura 25
dias.
Essa é a versão dos senadores. Para o Itamaraty, não houve qualquer
entendimento com autoridades venezuelanas a respeito da viagem dos
senadores. Assim que soube do constrangimento por que passaram os
senadores brasileiros, o ministro Mauro Vieira telefonou para a ministra
do Exterior da Venezuela, Delcy Rodrigues, pedindo explicações, ao
tempo em que o secretário-geral, Sergio Danese, com a mesma finalidade,
convocou a embaixadora Maria de Loudes Urbanejas. Nenhuma operação foi
combinada entre as duas chancelarias, rebate o Itamaraty. Marco Aurélio
Garcia, assessor internacional da presidente Dilma, criticou os
senadores, acusando-os de criar problemas para o governo brasileiro,
intrometendo-se nos negócios internos de um país amigo.
INVENÇÃO NÃO FOI
Não pode ter sido invenção de jornal ou de jornalistas o desabafo
feito pelo Lula a um grupo de religiosos, quinta-feira, no instituto que
leva o nome dele. Certamente tratou-se de um conversa descontraída,
que alguém gravou. O ex-presidente é conhecido pela língua solta, mas,
dessa vez, exagerou nas críticas à presidente Dilma, ao governo e ao PT.
Queixou-se de que a sucessora não fala e não viaja, acontecendo o mesmo
com seus ministros.
Exemplares do jornal O Globo, que publicou a demorada conversa do
Lula com os padres, eram disputados a tapa, em Brasília e fora de
Brasília. Em qualquer país sério as considerações do ex-presidente
gerariam rompimento imediato e explosivo por parte de Madame.
extraídadatribundadaimprensaonline
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