por Vinicius Torres Freire Folha de São Paulo
O desemprego aumenta por qualquer medida que se faça do mercado de
trabalho, está claro. Mas, de um ano para cá, o número de pessoas
empregadas aumentou ainda em 629 mil. Muito ruim, pois nessa conta de um
ano o aumento da população ocupada fora de 1,67 milhão, até abril de
2014.
O impressionante é que o grosso da letargia no mercado de trabalho veio
de praticamente dois setores. Da construção, de onde desapareceram 609
mil empregos, queda de 7,6%, e do setor público, que perdeu 560 mil
vagas, baixa de 9,5%.
Os dados são da Pnad Contínua trimestral, a nova pesquisa de emprego e
renda do IBGE, que começou em 2012, estatística da qual não se conhecem
todas as manhas, por ser tão nova.
Não se trata de dizer que a recessão está concentrada na construção, até
porque o ritmo de criação de empregos em outros setores, embora ainda
positivo, desacelera. No entanto, a gente pode especular se a crise
seria algo menor caso não houvesse essa hecatombe entre os operários da
construção.
O caso tem interesse particular porque, como se sabe, parte do colapso
das obras se deve à desordem provocada pela crise na Petrobras e pelo
escândalo de corrupção nas empreiteiras, o caso Lava Jato. Noutra parte,
a recessão das obras deve-se ao corte de despesas devido ao arrocho
fiscal e dos atrasos de pagamentos de obras, que vinham, aliás, desde
2014, provocado pela desordem das contas do governo Dilma 1. Enfim, é
possível que o enxugamento na construção se deva em parte menor ao fim
das obras da Copa.
Considerados os motivos, a incompetência e a baderna na administração
pública, do descontrole de gastos à má gestão na Petrobras, para não
falar em corrupção, parecem ter parte importante no afundamento rápido
da economia.
Curiosamente, pelo menos enquanto não se divulgam dados mais detalhados,
ainda cresce o emprego na indústria, tal como medido pela Pnad
Contínua, assim como no setor de "serviços prestados principalmente às
empresas". Ao que parece, o colapso na indústria de veículos e conexas,
na de bens de capital e de eletrônicos é muito maior e mais relevante do
que no de outros setores industriais pelo país.
Por falar nisso, apesar da tendência de baixa geral, a situação de
emprego e renda no Brasil além das grandes metrópoles parece um tanto
melhor. Mas a tendência é, inegável, de baixa.
O desemprego aumenta, apesar do crescimento da ocupação, porque mais
gente voltou ao mercado de trabalho. Uma relativa folga da renda das
famílias permitia, até 2013, que alguns de seus membros deixassem de
procurar emprego, em parte para estudar ou estudar com mais
tranquilidade.
Outro sinal dessa degradação das condições de vida é o aumento do número
de trabalhadores domésticos. Até o trimestre encerrado em abril do ano
passado, o número desses empregos vinha caindo ao ritmo anual de 2,4%.
Agora, em abril de 2015, sobe 0,9%, tendência que começou em junho de
2014.
A renda sobe menos que a inflação, na média. A soma de todos os
rendimentos, que crescia qual ao dobro do ritmo da inflação, agora só
empata com a alta de preços. Infelizmente, a julgar por indícios
estatísticos, a coisa tem sido pior, até junho.
extraídaderota2014blogspot





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