Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 3 de junho de 2015

‘É tão miserável que parei’

VLADY OLIVER


Não sou daqueles que tem surtos psicóticos na internet e ameaça não escrever nunca mais, não bater meu bumbo cívico enquanto este tipo de Brasil existir ou exigir de minha janela que as pessoas pensem como eu para que eu continue e me mostrar como sou. Longe disso.
Sou só um indignado de véspera que teve a sorte de encontrar pelas trilhas digitais um irmão de pais e mães diferentes com a coragem e a generosidade de um Augusto Nunes – o que é cada dia mais raro neste país – que vez por outra eleva estes meus singelos impropérios à categoria de posts deste espaço elegante. Enquanto outros comentaristas discutem qual é o melhor enquadramento e com qual lado são melhor fotografados, eu escrevo porque escrevo, e escrevo qualquer coisa que me venha à mente, sem filtros ou censuras.
De uns tempos pra cá percebo claramente uma ruptura no texto oposicionista que vem dividindo aqueles que são otimistas com o prenúncio do fim do lulopetismo – uma doença que já nos assola por treze longos anos presidenciais no lombo combalido – e aqueles que não conseguem enxergar um país além do bar da esquina, onde foram forjadas todas essas vertentes do banditismo político que nos fustigam irmanadas, fazendo do politiquismo brasileiro uma espécie de mentalidade comum onde todos se congraçam em jantares ridículos e projetos igualmente ridículos para um país ridículo.
Quem acaba de ler esta frase sente aquele desconforto típico de alguém que não quer concordar com o fim do nosso civismo, da nossa vergonha na cara, das indisposições que nos fariam sair de casa armados de nossas panelas patriotas e sentá-las com gosto no cocuruto fresco dessa gentalha impune. Dilmona rombuda pedalou em Brasília – informam seus milhares de aspones pagos com a nossa grana pública. O Ministro Levinho quer mais do nosso lombo – informam os desafetos encastelados no próprio partido que o escolheu para a inglória missão de instaurar a “derrama” por estas plagas combalidas.
O governo blinda o cartão corporativo da amante vagabunda do chefe da seita, tenta blindar os segredos mórbidos contidos nos empréstimos pilantras do BNDES e veta nossa vontade legítima de saber a verdade por trás dessa ideologia ignorante e dissimulada. Invoca o sigilo por “segurança da sociedade e do Estado”. Evidente que se essas verdades boiassem incólumes nessa latrina generosa em que transformaram o Brasil, a mamulenga-em-chefe e sua bicicletinha manca estariam em perigo real e imediato.
Não é possível um país continuar assim. O que se lê das investigações preliminares da Polícia Federal é tão escabroso que melhor seria gradear o Congresso e o Palácio do Planalto e transformá-los em “prisões de segurança máxima” com toda a quadrilhona dentro. São poucos os que se salvam nessa confraria alegre e barulhenta. Como tal, confesso meu cansaço em bater em ferro frio. Acho que estão certos aqueles que pensam que “política tem um lado” e é melhor escolher este lado logo de cara se quiser participar da festa.
Como o Brasil é o único país que conheço onde o contrário de esquerda também é esquerda, é quase um constrangimento ter que defender o indefensável por aqui, achando mesmo que o ministrinho pilantra está no caminho da austeridade, montado em 110 mil cargos de confiança embutidos em nossa coisona pública falida. Eu acho o cara um calhorda. Como acho todos aqueles que se prostraram na janela, nos últimos tempos, indiferentes ao brado retumbante que se ouve nos panelaços país afora, para “traçar uma estratégia” bamba de assumir o poder sem muito esforço, contando com o eterno voto dos descontentes.
Neste exato momento, estão todos tentando nos fazer de trouxas. Minha panela está a postos para o que der e vier, daqui pra frente. Só não me peçam para diferenciar tucanos de petistas. Os primeiros são especialistas em abrir as portinholas. Os segundos, em roubar as galinhas. É isso aí. Alguém aqui já se deu conta de que não temos governo por que também não temos oposição? É duro de engolir, não é mesmo? Acho que é a nossa sina. Vamos todos tomar no Cunha, por aqui. Bom domingo a todos.








extraídadeaugustonunesdiretoaopontoveja

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