Eumano Silva - IstoE
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A mais evidente tentativa de promoção da figura presidencial foi posta
em prática no início da última semana. Desde o sábado (30), Dilma se
deixou fotografar enquanto passeava de bicicleta nos arredores do
Palácio da Alvorada, a residência oficial. Em trajes esportivos,
capacete, óculos e acompanhada de seguranças, ela pedalou um modelo
importado. Em aparições recentes, Dilma chamou a atenção para a
importância dos exercícios físicos associados à dieta alimentar. Ela
própria perdeu cerca de 15 quilos desde o fim da campanha eleitoral por
seguir as orientações do médico argentino Maximo Ravenna. Na cabeça dos
marqueteiros, esse tipo de iniciativa torna a presidente mais humana e
próxima da população.
Entre os fatores que desgastam o a presidente está o ajuste fiscal
proposto pela equipe econômica para reorganizar as contas públicas.
Embora, aos poucos, o Congresso aprove as medidas editadas pelo governo,
o teor restritivo principalmente dos direitos trabalhistas e de
benefícios sociais ajudam a explicar a corrosão da popularidade de
Dilma. Mesmo nas previsões da equipe econômica, os efeitos positivos do
arrocho de agora somente serão sentidos pelos brasileiros em meados de
2016.
No esforço de melhora da imagem, o Planalto aposta em um pacote de
concessões públicas montado para ser lançado na terça-feira (9). A ideia
é passar para a iniciativa privada a administração de rodovias,
ferrovias, pontes, portos e aeroportos, estratégia encontrada para
compensar a queda nos investimentos oficiais. As restrições
orçamentárias e o impacto das investigações da Operação Lava Jato – que
desbaratam uma gigantesca rede de corrupção na Petrobras – paralisaram
as grandes obras do País, o que emperra o crescimento econômico e
pressiona para cima os índices de desemprego. Para reverter essa
tendência maléfica para a saúde financeira dos brasileiros, o Planalto
confia no interesse de grandes empresas estrangeiras no pacote de
concessões.
Outra frente de socorro a Dilma surgiu dentro do PT. O partido da
presidente resiste ao ajuste fiscal e até mesmo o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva contribuiu para as críticas às iniciativas da
equipe econômica. Agora, às vésperas do 5° Congresso Nacional da
legenda, Lula e a direção petista pedem aos militantes que moderem os
ataques contra o governo. No encontro, em Salvador, o PT terá de fazer
dura escolha entre apoiar as medidas impopulares de Dilma e arcar com as
consequências nas próximas eleições, ou permanecer na postura de
cobrança exibida nesse primeiro semestre de 2015.
Nessa linha, será determinante a decisão que a presidente tomará em
relação ao fim do fator previdenciário, aprovado pelo Congresso. A
derrubada da regra para aposentadorias instituída pelo governo Fernando
Henrique Cardoso é uma antiga bandeira do PT, mas, nesse momento,
desagrada ao governo por prejudicar a arrumação das contas públicas. Se
Dilma vetar esse item, os petistas ficarão ainda mais desconfortáveis
junto às suas bases eleitorais.
A estratégia para a retomada da popularidade da presidente prevê também
algumas ações midiáticas. O ministro Edinho Silva, da Secretaria de
Comunicação, orientou os bancos estatais a fazer campanhas que preguem a
paz no País. Também se prepara uma aparição de Dilma no programa de
entrevistas de Jô Soares, na TV Globo. Jô é um dos mais populares
humoristas e apresentadores do País e, nos últimos meses, deu seguidas
demonstrações de simpatia pela petista. Na avaliação dos assessores
palacianos, essa será uma jogada de mestre para alavancar os índices de
aceitação da chefe junto à população. Além disso, planejam que Dilma
pedale muito nos próximos meses.
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