por Paulo Briguet.
Acredito profundamente que todos nós, do mais humilde ao mais poderoso, temos um acontecimento central na vida. Para uma amiga, foi ter de ficar na ponta dos pés para contemplar o rosto da mãe pela última vez. O acontecimento central da minha vida foi contemplar uma igreja incendiada em Mariana e sentir que ali estava o retrato da minha alma. Deus existe.
Enquanto os manifestantes gritavam ofensas e palavras de ordem diante da igreja em que se realizava o casamento do deputado, eu me sentei na pedra e fiquei rezando. Naquele momento, pensei na noiva, na mãe da noiva, nos convidados e principalmente nas crianças que testemunhavam aquela cena, do lado de dentro e de fora da igreja. Ali elas estavam aprendendo que o certo na vida é ofender, xingar, humilhar, atacar o próximo que não realiza aquilo que desejamos. Uma bela lição de alguns professores grevistas – esses que, conforme o JL noticiou neste domingo, não ganham tão mal assim.
Existem momentos na vida que são sagrados. Momentos que devemos respeitar sempre e de maneira incondicional: o nascimento, o batismo, o adeus aos mortos, o socorro aos enfermos, o casamento. Mesmo as sociedades mais bárbaras reservam determinados instantes para que os inimigos possam observar seus rituais.
Ao contrário do que muitos iluminados modernos acreditam, o casamento não é uma brincadeira. É uma instituição sagrada e essencial à vida em sociedade. Na cerimônia matrimonial, assiste-se ao nascimento de uma família. E sem a família a vida humana civilizada é impossível. Uma sociedade que desrespeita o casamento comete um ato suicida, como se desse um tiro no coração, como se gritasse uma ordem incontestável: – Deus não existe!
E se Deus não existe – lembraria um personagem de Dostoievski –, tudo é permitido.
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