por Aécio Neves Folha de São Paulo
A crise que o Brasil enfrenta não é apenas moral e econômica. Ela vai se
confirmando também como social. Enquanto o governo reluta em reconhecer
a existência da primeira, deliberadamente fecha olhos e ouvidos para a
segunda.
O último reajuste concedido ao Bolsa Família foi anunciado há mais de um
ano, não por acaso, véspera do período eleitoral. A realidade de hoje
joga por terra os números do discurso do governo, que foi alimentado por
uma milionária campanha publicitária que apontava quantos brasileiros
teriam deixado a miséria no país.
O desemprego chega a milhares de lares brasileiros e nunca os slogans do
governo foram reduzidos tanto a meras peças de ficção, totalmente
descolados da vida real da população como agora.
Aqui, a "Pátria Educadora" é a mesma que restringe o Fies e corta o
Orçamento da educação, ignorando a tragédia da má qualidade do ensino.
O crescimento prometido simplesmente desapareceu. A economia parada
aumenta a insegurança dos brasileiros envolvidos pelo sonho prometido do
crédito farto, fácil e barato, que agora vem cobrar o seu preço, com os
juros (de novo) na estratosfera e milhares de famílias endividadas.
As providências são mais do mesmo, sem que o governo saia da sua zona de
conforto. Para tanto, melhor trabalhar com o chapéu alheio: aumento da
carga tributária e corte de investimentos públicos essenciais à
sociedade. Nenhum sinal de apreço à austeridade, como a redução das
dezenas de ministérios ou extinção dos milhares de cargos de livre
nomeação, ocupados pelos ativistas e militantes, em longo e dramático
processo de aparelhamento do estado nacional.
A impressão é de que os problemas surgiram por geração espontânea.
Ninguém decidiu sobre a política econômica adernada em equívocos
primários, irresponsabilidades e descrédito! Ninguém nomeou os que
tomaram de assalto o estado nacional e ninguém ordenou a subtração dos
bilhões em propina nas obras e nos contratos das estatais.
A verdade é que o país se cansou da crônica terceirização de
responsabilidades e espera apuração rigorosa e punição dos que erraram,
para finalmente virar esta página triste da nossa história.
Não posso deixar de registrar reportagem publicada neste domingo (31)
pelo jornal "O Globo", que trouxe um ranking da miséria no país.
Constatar que Minas Gerais é o Estado que, apesar das contradições
regionais, possui a menor proporção de pessoas em situação de miséria no
Sudeste e a sexta menor do país, reafirma a minha convicção sobre a
importância do trabalho sério realizado no Estado nos últimos anos,
incluindo as parcerias feitas com as diferentes esferas de governo e,
sobretudo, com a sociedade
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