Bruno Araújo FOLHA DE SÃO PAULO
Em dois debates durante a campanha presidencial, Aécio Neves deu
oportunidade para que a presidente Dilma Rousseff pedisse desculpas aos
brasileiros por ter tirado a então maior empresa do país das páginas de
economia e a levado para o noticiário policial. Dilma ironizou a
proposta e negou qualquer relação com a crise na Petrobras.
O que se sabia, então, era pouco, quase nada. Menos de seis meses e
algumas delações premiadas depois, ficou claro que o petrolão é o maior
escândalo de corrupção da história deste país. Mas a crise não é só de
corrupção.
É também política, já que a presidente não controla sua base política e
perdeu o apoio até de parte de seu partido. É econômica, pois as contas
públicas estão fora de controle, gerando inflação e ameaça de
desemprego. E é, sobretudo, de confiança. A presidente mentiu durante a
campanha e na formação de seu governo. Mente ao não reconhecer a
gravidade da situação.
Assim, perde a confiança que a maioria dos brasileiros que foi às urnas lhe deu em outubro passado.
A última pesquisa do instituto Datafolha comprovou o que a rua já
mostrava: os brasileiros não confiam mais na presidente e em sua equipe.
Sua gestão é aprovada por apenas 13% dos eleitores. O pessimismo com a
economia é impressionante: os brasileiros acham que a situação do país
vai piorar, preveem que o desemprego aumentará e que a inflação vai
crescer.
Dilma quebrou a confiança do brasileiro. Os erros e as mentiras do
passado levaram à situação de insatisfação no presente e à desesperança
com o futuro. Em todas as regiões, classes sociais e faixas etárias. O
descontentamento é geral.
Setores que pouco tempo atrás lhe deram a vitória, agora a desprezam.
No mesmo dia da divulgação da pesquisa Datafolha, o Brasil viu outra
farsa desmoronar. Com a saída espetaculosa de Cid Gomes do Ministério da
Educação, ficou evidente que a "pátria educadora" prometida na posse
não passava de um slogan. Cid foi um ministro tampão.
Em sua gestão, o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) entrou em
crise e as universidades federais começaram a parar por falta de
recursos. A pasta teve um corte de R$ 7 bilhões e o Pronatec (Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) deixou de pagar as
instituições formadoras.
O fracasso é evidente. A verdade é que caminhamos em direção contrária
ao slogan. Em menos de três meses, houve corte de 31% no Orçamento do
ministério, 30% no Orçamento das universidades federais, houve atrasos
no Pronatec, e milhares de alunos ficaram sem condições de renovar suas
matrículas em seus cursos devido ao arrocho no Fies.
A educação andou para trás neste segundo mandato, assim como todo o país. É mais um setor que perde a confiança no governo.
Acuada, a presidente não consegue apontar caminhos para superar a crise.
Prefere usar de cinismo ao lançar um pacote de combate à corrupção
inócuo, com medidas recicladas e que já tinham sido apresentadas pelo
então presidente Lula como cortina de fumaça no auge da crise do
mensalão.
A presidente não precisa de pacotes, precisa da verdade. Precisa olhar
nos olhos dos brasileiros e reconhecer os muitos erros que cometeu. É o
primeiro passo da difícil caminhada para recuperar um mínimo de
confiança da população.
Uso este nobre espaço para, repetindo Aécio Neves, fazer uma proposta à
presidente: Dilma, minha cara, peça desculpas aos brasileiros por todos
os seus erros e mentiras. O Brasil merece a verdade.
BRUNO ARAÚJO, 43, advogado, é deputado federal pelo PSDB-PE e líder da oposição na Câmara
EXTRAÍDADOBLOGROTA2014





0 comments:
Postar um comentário