por José Roberto de Toledo O ESTADO DE SÃO PAULO
Ao alinharmos as pesquisas Ibope e Datafolha sobre avaliação do governo
Dilma Rousseff, vemos que repetiu-se em 2015 o fenômeno de acumulação de
tensões e explosão abrupta da insatisfação – como ocorrera em 2013. A
diferença é que, desta vez, a avalanche foi mais ampla e profunda.
Atingiu camadas que antes resistiram à onda de criticismo. Agora, a
avalanche não apenas soterrou a popularidade da presidente. Ela corroeu a
esperança da maioria da população de que ela possa vir a recuperá-la.
Se recordes 64% acham a segunda gestão Dilma ruim ou péssima – igualando
o ponto mais baixo do governo Sarney – e 76% avaliam que ela está pior
do que foi no seu primeiro mandato, 55% dizem que o restante será também
ruim ou péssimo. O pessimismo dobrou desde dezembro, e é o principal
obstáculo para a presidente. Quando traduzidas para a economia, as
previsões negativas tendem a se autorrealizar, pois inibem consumo e
investimento.
Daí a necessidade de Dilma aprovar a qualquer custo o ajuste fiscal no
Congresso – o que levou-a a engolir as críticas veladas do ministro
Joaquim Levy, e fez o ex-presidente Lula ir a uma reunião com
sindicalistas da CUT e militantes do PT para tentar vender o ajuste
ortodoxo para sua base política.
O desmoronamento da aprovação de Dilma em 2015 vai mais fundo do que em
2013 porque solapou as bases de apoio à presidente entre os mais pobres
(60% de ruim/péssimo entre quem tem renda familiar mensal até 1 salário
mínimo), entre os menos escolarizados (56% de ruim/péssimo) e no
Nordeste (55%). São segmentos que votaram em peso nela em 2014, em 2010 e
em Lula.
Ao final da campanha eleitoral de 2014, Dilma tinha saldo de 22 pontos
na opinião pública. Foi o fato de ter mais gente achando seu governo
ótimo ou bom (42%) do que ruim ou péssimo (20%) que permitiu a ela
reeleger-se. Mas logo após o pleito ela começou a perder prestígio. Seu
saldo caiu para 13 pontos em meados de dezembro. A virada aconteceu ao
longo de janeiro, pois no começo de fevereiro Dilma já tinha saldo
negativo de 21 pontos. Foi a menos 49 pontos há duas semanas e chegou a
menos 52 agora.
Nenhum presidente brasileiro após a ditadura desceu abaixo dos 53 pontos
negativos de saldo que Sarney conseguiu em julho de 1989, segundo o
Ibope. Dilma é candidata a tomar-lhe o recorde.
EXTRAÍDADOBLOGROTA2014





0 comments:
Postar um comentário