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16:04
ANDRADEJRJOR
ROGÉRIO FURQUIM WERNECK O GLOBO

De desastre em desastre, a presidente Dilma se vê com espaço de manobra cada vez mais restrito
Fevereiro
vem impondo duro choque de realidade a quem ainda não se dera conta da
extensão do despreparo da presidente Dilma para enfrentar a grave
conjunção de crises com que agora se depara. Na esteira de uma atuação
espantosamente desastrada, o Planalto parece ter estreitado ainda mais o
já reduzido espaço de manobra com que contava para lidar com leque tão
amplo de dificuldades.
O primeiro desastre foi o retumbante
fracasso do pretensioso esquema de segurança parlamentar que,
supostamente, estaria garantido pelas forças políticas representadas no
novo ministério. Apesar de todo seu empenho, o Planalto não conseguiu
evitar que o Deputado Eduardo Cunha, notório desafeto de Dilma,
conquistasse a presidência da Câmara em primeiro turno, com 267 votos.
Não bastasse seu candidato ter tido pífios 136 votos, o PT se viu
completamente alijado da Mesa Diretora da Câmara.
Quatro dias
depois, para grande irritação do Planalto, a oposição, apoiada por 52
parlamentares da base aliada do governo, conseguiu aprovar a instalação
de nova CPI da Petrobras na Câmara, prontamente autorizada pelo
presidente da Casa. E foi só o começo. A presidente vem tendo desgostos
quase diários com o que vem ocorrendo naquela Casa.
Ainda
atordoado pela consciência da precariedade do seu apoio parlamentar, o
Planalto logo se viu às voltas com novas trapalhadas na condução da
crise da Petrobras. Indignada por ter o Conselho de Administração da
empresa admitido que os ativos da companhia poderiam vir a sofrer baixas
contábeis da ordem de R$ 88 bilhões, Dilma anunciou que Graça Foster
seria afastada da presidência da estatal.
Como já havia feito com
Guido Mantega na Fazenda, a presidente pediu a Graça Foster e demais
diretores que permanecessem no cargo até que fosse concluído o
problemático fechamento do balanço da empresa. Para sua grande surpresa,
a diretoria recusou-se a desempenhar tal papel. Preferiu demitir-se em
bloco. E Dilma viu-se, de repente, obrigada a encontrar, em 48 horas, um
nome com perfil adequado que se dispusesse a assumir a presidência da
Petrobras em meio à grave crise que atravessa a empresa.
Entalada
nessa posição tão difícil, a presidente poderia ter aproveitado a
oportunidade para escolher um nome respeitável e independente, que fosse
capaz de repassar a empresa a limpo. Mas preferiu uma solução caseira,
que lhe permitisse manter a presidência da empresa sob seu estrito
controle e assegurar a blindagem que obceca o Planalto: impedir que o
Conselho de Administração e a cúpula do governo venham a ser de alguma
forma responsabilizados pelo que aconteceu na Petrobras.
Foi um
erro grave. É bem provável que a presidente se arrependa amargamente de
ter perdido a oportunidade de pôr em marcha um esforço convincente de
reconstrução da Petrobras em outras bases. Dilma parece ainda não ter
percebido que, a esta altura, já não será no âmbito da própria estatal
que afinal será estabelecido se o Conselho de Administração da empresa
ou o Planalto devem ou não ser responsabilizados pelo que aconteceu. E
que, caso ela própria venha a ser responsabilizada de alguma forma,
estará em posição muito menos confortável do que estaria se pudesse
ostentar empenho inequívoco e genuíno em passar a estatal a limpo no seu
segundo mandato.
No governo, houve quem se queixasse de que, na
escolha do novo presidente da Petrobras, Dilma teria tomado uma decisão
solitária, sem consultar ninguém. A informação de que só consultou a si
mesma é mais uma evidência de que a presidente, desalentada, quem sabe
pela qualidade da assessoria de que se cercou, tem-se mantido
preocupantemente isolada.
O que agora se noticia é que, alarmada
com a rápida queda de sua popularidade e com a extensão da deterioração
de sua imagem, Dilma estaria convencida de que precisa se reaproximar de
seu marqueteiro. Uma reação redondamente equivocada. Passar a entremear
consultas ao espelho com sessões de ilusionismo não é exatamente o tipo
de arejamento de que a presidente precisa.
FONTE AVARANDABLOGSPOT
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