O preço da gasolina está entre 20% e 24% mais alto no Brasil do que no
exterior. No diesel, a diferença é de cerca de 15%. O cálculo compara o
preço praticado no país e no golfo do México, principal referência
internacional.
Os brasileiros estão pagando mais que os estrangeiros pelos
combustíveis, porque o petróleo desabou no mercado internacional, mas a
queda não foi repassada no país.
O governo foi na contramão e, após a reeleição da presidente Dilma,
reajustou a gasolina em 3% e o diesel em 5%. O objetivo do reajuste é
fortalecer as combalidas finanças da Petrobras.
De 2010 até outubro de 2014, a estatal subsidiou o consumidor brasileiro ao vender gasolina mais barata do que no exterior.
O governo resistia a reajustar a gasolina para não elevar ainda mais a
inflação. No auge, a diferença desfavorável à Petrobras chegou a 30%.
Conforme o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), a estatal
acumulou perdas de R$ 51,4 bilhões no período pelo custo de oportunidade
(o quanto poderia ter ganho se vendesse em outro mercado).
Agora, são os consumidores brasileiros que estão subsidiando a
Petrobras. Com a atual diferença de preços, o ganho mensal da estatal é
de R$ 607 milhões na gasolina e de R$ 1,059 bilhão no diesel.
É preciso ressaltar, no entanto, que nem tudo vai para a empresa, porque
o custo do frete encarece o produto brasileiro em cerca de 10%.
Procurada, a Petrobras não deu entrevista.
VULNERABILIDADE
"A estatal está ganhando musculatura, mas depois de anos de perdas ainda
falta muito", diz Fábio Silveira, diretor de pesquisa da consultoria GO
Associados.
Segundo Adriano Pires, diretor do CBIE, uma desvalorização brusca do
real pode anular a vantagem da Petrobras, pois encareceria os
combustíveis em moeda local e elevaria o custo da dívida em dólar.
A queda do preço do petróleo também não favorece os investimentos da
Petrobras. Os analistas já têm dúvida sobre qual é o patamar de preços
que viabilizaria os altos investimentos no pré-sal.
Só nos últimos 30 dias, o preço do petróleo tipo Brent, referência para o
mercado, caiu 15,7% para US$ 72,05 por barril. Um ano atrás, o barril
era cotado a US$ 106,4.
A queda se acentuou na semana passada, quando a Opep, cartel dos países
petroleiros, informou que não vai reduzir a produção. Nesta segunda
(1º), o dia foi de recuperar parte das perdas, e os preços subiram 3,4%.
A derrocada do preço é consequência, sobretudo, da redução do consumo
nos EUA com a maior utilização do gás de xisto. Investidores que
aplicavam dinheiro em commodities também estão migrando para títulos da
dívida americana na expectativa de que os juros subam.
fonte rota2014
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